Lágrima de preta

24 de novembro é o Dia Nacional da Cultura Científica – a data foi escolhida em homenagem a Rómulo de Carvalho, nascido no dia 24 de novembro de 1906, professor de física e química, divulgador de ciência e autor dos manuais escolares por onde estudei aquela disciplina.

Como poeta (sob o pseudónimo de António Gedeão) foi autor de poemas notáveis – quem não conhece “Pedra filosofal, por exemplo?

Deixo-vos hoje com o poema “Lágrima de preta” – publicado em 1961 e que continua tão atual – a lembrar-nos que somos todos iguais.

Tornou-se conhecido na voz de vários cantores. A canção foi proibida pela censura, até à revolução de Abril de 1974.

Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão

Segue-se o poema, musicado e cantado por Manuel Freire, na melodia que, na minha opinião, lhe serve como uma luva. 

Noutra publicação no blogue já tinha falado de outro poema de António Gedeão que, mais do que uma vez, li nas aulas aos meus alunos.

Bom Dia Nacional da Cultura Cientifica e boas leituras.

Um quase reencontro

Escrevi este poema no dia 9 de julho e resolvi participar com o mesmo no Concurso literário “Elviro da Rocha Gomes” que tinha como data limite o dia 14 de agosto. Soube hoje que me foi atribuída uma menção honrosa neste concurso da União de Freguesias de Faro.

Um quase reencontro


Deixaste, nesse encontro, o coração?
Também eu, houve algo que perdi
quando, pela primeira vez, te vi:
perderam-se os meus olhos na visão.

E, cego, só achava inspiração
nas memórias vívidas de ti,
mas hoje, finalmente, te revi.
A frase que vestias… que emoção.

Olhar e coração reencontrados…
ou quase, pois surgiu um contratempo
e faltou algo mais, de que preciso:

Não ficaram meus olhos saciados,
pois este carnaval fora do tempo
ocultava de mim o teu sorriso.

O contexto era tudo menos romântico, mas a inspiração pode surgir por um olhar… Neste caso, foi uma frase na t-shirt que uma antiga aluna – a Mariana – trazia nesse dia:
I left my heart
in our first date

Tinha que ser mesmo em Julho e agosto, quando a cabeça anda mais livre, quer para escrever quer para enviar textos para o concurso.
Foi “um quase reencontro” com os prémios, mas sabe bem. Dá sempre gosto ver um texto meu distinguido.

União das freguesias de Faro  - Entidade organizadora.

Fazes-me falta

O poema Sinto a tua falta foi ilustrado pela Mariana Monteiro, e publicado num PowerPoint com trabalhos dos alunos, no âmbito do Dia Mundial dos Oceanos, pelas colegas responsáveis do projeto Eco-escolas no Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré. Deixo aqui o powerPoint de onde retirei a imagem acima.

A Pesca por um Mar sem Lixo

No âmbito do projeto “A Pesca por um Mar sem Lixo” a colega Carla Dilar lançou-me mais um desafio e apesar de o lixo não ser o tema que mais me inspire a escrever, respondi da forma possível.

A colega Joana Ribeiro publicou um postal com o meu poema e uma ilustração do aluno Lucas Fontoura, do 7º C do Agrupamento de escolas da Gafanha da Nazaré.

Hoje, Dia Mundial do Ambiente, é um boa ocasião para lembrar que muito do lixo que abandonamos em terra vai ter ao mar e que também muitos dos que trabalham no mar o poluem com todo o tipo de resíduos.

Há que mudar mentalidades. Este projeto é meritório e incentiva os pescadores a não deitarem lixo para o mar e a recolherem o lixo “que vem à rede”. Fica a minha homenagem aos pescadores que têm consciência ambientar e alinham neste objetivo.

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Mar 3

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Dia Escola Azul

Bicicleta e mar

Respondendo ao desafio da colega que lidera o projeto Eco-escolas, na escola onde trabalho, para o Dia Escola Azul, saiu-me este poema.

#diaescolaazul #somosoceano

Sinto a tua falta

Sinto a tua falta, ó Mar, nesta batalha.
Saber-te aqui tão perto e tão distante,
mas esta pandemia, insinuante,
levantou entre nós esta muralha.

Pegar na bicicleta e na toalha
e ir ao teu encontro ondulante,
ficar imerso em ti por um instante,
é sonho, sem vacina que nos valha.

Na lágrima que teimou em rolar,
chegou-me o teu sabor que sobressalta.
Vieste ao meu encontro e acalmar

esta forte saudade que me assalta.

Só tu, ó Mar, não há como negar,
me pões em maré alta. Fazes-me falta!

João Alberto Roque

O poema pode ser ouvido em https://soundcloud.com/jafroque/sinto-a-tua-falta

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O poema Com e sem rede Ondas da memória 2 Sophia b Mar 3

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Evocando Sebastião da Gama

Agora que as aulas acabaram e o ritmo baixa um pouco, volto ao blogue, para dar destaque a um evento, sobre a poesia de Sebastião da Gama, que vai decorrer na Biblioteca Municipal de Aveiro, dia 18 de junho, pelas 21:30, para o qual fui convidado pela amiga Cacilda Marado, uma das promotoras.
Deixo-vos com um poema do autor, a que se segue o convite / cartaz do evento:

Somos de barro

Somos de barro. Iguais aos mais.
Ó alegria de sabê-lo!
(Correi, felizes lágrimas,
por sobre o seu cabelo!)

Depois de mais aquela confissão,

impuros nos achámos;
nos descobrimos
frutos do mesmo chão.

Pecado, Amor? Pecado fora apenas

não fazer do pecado
a força que nos ligue e nos obrigue
a lutar lado a lado.

O meu orgulho assim é que nos quer.

Há de ser sempre nosso o pão, ser nossa a água.
Mas vencidas os ganhem, vencedoras,
nossa vergonha e nossa mágoa.

O nosso Amor, que história sem beleza,

se não fora ascensão e queda e teimosia,
conquista… (E novamente queda e novamente
luta, ascensão… ) Ó meu amor, tão fria,

se nascêramos puros, nossa história!


Chora sobre o meu ombro. Confessámos.

E mais certos de nós, mais um do outro,
mais impuros, mais puros, nós ficámos.

in Pelo sonho é que vamos, de Sebastião da Gama

Sebastião da Gama

Ainda recentemente, na feira do Livro de Aveiro, e também a convite da Cacilda, estive num evento semelhante em torno da poesia de Miguel Torga e gostei de declamar e de ouvir a poesia daquele que é o meu autor de eleição.

Outro poema de Sebastião da Gama pode ser encontrado no meu blogue, clicando na primeira das imagens seguintes.

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Dois poemas no Dia Mundial da Poesia

Ainda na sequência do Dia Mundial da Poesia deixo-vos com dois dos poemas do livro “Um Olhar…” declamados na “Comunidade de Leitores da BMI” no Dia Mundial da Poesia. Gravação feita por Fernando Borges da Rádio TerraNova e recortados do podcast em www.terranova.pt.

O texto dos poemas podem ser encontrados aqui no blogue em: A tua luz e Metapoema, ou clicando nas duas primeiras imagens (miniaturas abaixo).

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Aquele traço de escrita,de Adelina Barradas

Na sequência do artigo anterior, deixo-te, caro leitor, com outro poema de Adelina Barradas. Um entre vários de que gostei. A imagem é também a que a autora escolheu para acompanhar o seu poema. Não conheço a autora, mas os seus poemas têm uma sensibilidade que me toca. Clicando no título do poema podes aceder ao poema no seu blogue.

 

Aquele traço de escrita

 

Vieira da Silva .jpg

 

Os poetas têm no gesto
aquele traço lento da escrita
Como se dançassem nas letras
Ou pendurassem os pensamentos no olhar das palavras

 

Não sabem o que vão escrever
Mas escrevem
As mãos pegam nas palavras e escrevem

 

Os olhos ficam em espera
Como se o pensamento nem ditasse a forma

 

Os poetas têm aquele gesto lento
De quem guarda um segredo que não sabe

 

O gesto lento de quem espera
Mesmo que a espera seja já ali
ou só na eternidade.
ACCB

 

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Sophia de Mello Breyner Andresen, por Adelina Barradas

Mar

Sophia de Mello Breyner Andresen

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens…
Há mulheres que são maré em noites de tardes…
e calma.

.
Adelina Barradas de Oliveira in https://cleopatramoon.blogs.sapo.pt/
.
Este poema, vim a saber quase três anos depois de o ter partilhado no meu blogue pela primeira vez, não é de Sophia. Tal facto não lhe retira qualquer mérito.
A autora é Adelina Barradas de Oliveira e a enorme divulgação deste poema teve por base um equívoco – o poema foi publicado em 2009 sob o título Sophia de Mello Breyner Andresen no blogue da autora e copiado por visitantes como se fosse de Sophia. O tornar-se viral, na minha modesta opinião, resulta obviamente do nome que lhe associaram, mas também (e sobretudo) da beleza do poema. Por alguma razão o escolhi para iniciar um dos capítulos do meu livro “Um Olhar…” 
Eu que já tive que reclamar a autoria de um poema, que começava a aparecer como sendo de um autor conhecido, entendo bem como estas coisas acontecem.
Do modo possível, desejo dar os créditos a quem de direito. Parabéns à autora pela beleza das palavras, inspiradas em Sophia.
A resolução deste equívoco teve o efeito secundário interessante de chamar a atenção sobre a escrita desta poetisa (e juíza de profissão). Não terá uma obra à dimensão de Sophia, mas tem alguns poemas de inegável valor e tem direito a sentir-se tão chocada, como eu fiquei, com o infeliz comentário de um “especialista” que afirmou (depois de saber que não era de Sophia) que, pela suposta falta de qualidade, não poderia ser dessa autora.

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Bote (ou dóri)

A propósito de muitas dúvidas que têm andado nas redes sociais sobre o que é um “dóri” (os gafanhões sempre usaram mais a palavra “bote”), aqui vão duas fotos do bote 7 do “Novos Mares” que está na praça St. Jonh’s, na Gafanha da Nazaré e um poema que lhe dediquei e que consta do livro que hoje, pelas 16 horas, vou apresentar na Biblioteca Municipal de Ílhavo, e para a qual o convite segue, explícito.

Bote 1

Bote

Trocaste o azul pelo verde de um relvado
Em homenagem oca às velhas glórias
– Epopeias de gentes piscatórias –
Ao barco por inércia afundado

Se o navio acabou desmantelado
Os bocados, os botes, as histórias
São fragmentos de vida e de memórias
Do “Novos Mares” – orgulho do passado

O tempo para ti trouxe mudanças
Em vez de bacalhau já só carregas
O sabor agridoce das lembranças

Venceste tempestades e escolhos
Agora fixo ao chão, já só navegas
No azul esverdeado dos meus olhos.

Na fotografia ainda disfarça, mas o estado do bote está muito longe do desejável, a precisar urgentemente de restauro, que a não ocorrer vai obrigar a uma “requalificação”.

Bote 2

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Olho 3.png olhar O poema Aventura2  Hélder Ramos

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O Poema

Uma amiga (Ana Paula Simões), a quem agradeço a divulgação da minha poesia, publicou no facebook “O Poema” retirado do meu livro “Um Olhar…” e eu optei por colocá-lo também aqui no blogue, onde o tempo passa mais devagar e é mais fácil de encontrá-lo, nem que seja daqui a vários anos.

Na procela

O Poema

Uma frase é o ponto de partida
Palavras são a frágil caravela 
Mas eu, cheio de medo, embarco nela
Sabendo que a viagem é só de ida

O poema tem sabor a despedida
Então respiro fundo e iço a vela
Não quero calmaria, mas procela 
A rota sempre é desconhecida

Estou ferido e esse é um bom presságio
Sei bem que o que me espera é o naufrágio
Mas quando tudo acalma ainda vivo

E sei que descobri a ilha rara
A praia que descansa e que sara
E cujo horizonte é lenitivo.

A imagem foi colhida em https://refugeofthewild.tumblr.com/image/119364905174

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Ondas da memória 2 olhar Com e sem rede Olho 3.png cerejas Um olhar

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Lançamento de “Um Olhar…”

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Clica na primeira imagem, para ver a sequência da reportagem fotográfica.

Um sentido obrigado a todos os que colaboraram para que tudo corresse tão bem na sessão de lançamento do meu livro: Desde a D. Graça Martinho, cujos dotes culinários sempre adoçam os eventos que organizamos na Biblioteca, à D. Lurdes Ramos, à colega Piedade Gomes (ambas passaram o dia de aniversário dedicadas a este evento), aos alunos que tocaram – Sara Pombo e Diogo Bastos – ou leram poemas – Selene Salavessa e Samanta Bizarro, aos que trataram do som – Rafael Pombares e João Nunes – às colegas a quem pedi para lerem um poema – Ercília Amador, Amélia Pinheiro, Paula Cebola e Eunice Almeida – e a quem agradeço por sempre me incentivarem a prosseguir neste caminho da poesia, à Diretora Eugénia Pinheiro, que sem hesitar aceitou o pedido de que a biblioteca, onde passo tantas horas, servisse de palco a este lançamento, fazendo que me sentisse em casa. À minha filha Cecília que deu a cara pelo livro e esteve a receber os participantes e na venda dos livros, com a colega de turma Mariana Castanheiro. Aos elementos do Coro de que faço parte e ao colega Aníbal Seco que não hesitaram e responderam presente quando os convidei para animar o evento. Por fim, ao amigo Hélder Ramos, que nunca regateia esforços quando lhe peço a colaboração e, neste caso, pedi quer para o prefácio quer para a apresentação.

A reportagem fotográfica é da colega Fátima Viana e a escolha e tratamento das imagens foi feita por mim.

A professora bibliotecária da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, a minha amiga Piedade Gomes, escreveu este texto para o blogue da biblioteca e eu, com a devida vénia, transcrevo-o aqui no meu blogue:

Na noite do dia 28 de setembro, em agradável convívio de amigos, a Biblioteca da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré acolheu o lançamento do livro “Um olhar…”, de João Alberto Roque. Homem da terra, de formação na área das ciências, o seu gosto e dedicação à escrita já vem de alguns anos. Participou em diversos concursos literários que lhe valeram a obtenção de prémios a nível nacional e além-fronteiras. Tem textos em diversas publicações, quer coletivas, quer individuais. Escreve em resposta a desafios, mas também sobre si e sobre a sua visão do mundo. Começou a escrever por deleite, depois submeteu-se à métrica e às regras do soneto e transformou-as em desafios, disciplinando a sua criatividade.

Este evento constituiu uma celebração à escrita e uma oportunidade para que a comunidade da Gafanha da Nazaré possa refletir sobre a importância da escrita na nossa vida.

Usamo-la como forma de comunicação para nos entendermos. O João usou-a como forma de catarse e reflexão sobre a vida, como ele próprio afirma. Para nós, ele criou com arte, exprimiu ideias e sentimentos com beleza. Deixou-nos metade de uma obra que nos compete completar, seguindo a linha de pensamento do escritor britânico Joseph Conrad “O autor só escreve metade do livro. Da outra metade deve ocupar-se o leitor”. Mas a escrita é acima de tudo um valor civilizacional, uma arma poderosa que permite ao homem compreender melhor o mundo e de transformá-lo, de escolher em consciência e em liberdade, resistindo às pressões e às diversas formas de subjugação e de escravatura do seu tempo.

Piedade Gomes

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Sobre “Um Olhar…”

Livro Um Olhar2

Reflexão sobre “Um Olhar…”

Como fui divulgando, no dia 28 de setembro, vai ser o lançamento do meu livro “Um olhar… (Sonetos)”. É na Biblioteca da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, pelas 21 horas. É um evento público, para o qual, amigo leitor, estás desde já convidado.

Se me pedisses para escolher um poema que servisse de síntese ao livro, acho que me lembraria deste:

Metapoema

Nem sei bem onde acaba a minha mão
E começa a folha de papel
Em que afago já a tua pele
Num toque de poesia e emoção

É mágica esta espécie de fusão
A que a poesia nos compele
Em que nos envolvemos pele com pele
Até onde as palavras contarão

O ato de escrever é aliciante
Ausente no poema te revejo
Inspiras-me a palavra mais marcante

O alvo do carinho, do desejo
És tu, e quando lês, mesmo distante,
Gostava que o sentisses como um beijo.

João Alberto Roque

“Um olhar…” tem cento e quarenta sonetos, mas já fui publicando, desde 2010, alguns desses sonetos, que podes ler (e conhecer o enquadramento da publicação no blogue) clicando nas ligações:

Venho brincar aqui no Português, Mia Couto e Unidiversidade

https://infantilidades.wordpress.com/2010/09/30/redondo/

Cerejas são palavras

https://infantilidades.wordpress.com/2013/06/17/cerejas/

Se eu fosse um livro

https://infantilidades.wordpress.com/2013/12/27/se-eu-fosse-um-livro/

Pelo meu aniversário

https://infantilidades.wordpress.com/2014/01/08/aniversario/

Com e sem rede

https://infantilidades.wordpress.com/2014/03/29/fronteira/

Que bela

https://infantilidades.wordpress.com/2014/08/27/que-bela/

Folha em branco

https://infantilidades.wordpress.com/2014/12/16/folha-em-branco/

Soneto de fim de ano

https://infantilidades.wordpress.com/2014/12/31/soneto-de-fim-de-ano/

Poesia na cidade

https://infantilidades.wordpress.com/2015/03/21/poesia-na-cidade/

A tua luz

https://infantilidades.wordpress.com/2015/09/22/a-tua-luz/

O cravo de abril

https://infantilidades.wordpress.com/2016/04/25/o-cravo-de-abril/

Origens

https://infantilidades.wordpress.com/2016/06/16/barbarie/

Ondas da memória

https://infantilidades.wordpress.com/2016/11/29/ondas-da-memoria/

Apelo aos amigos

https://infantilidades.wordpress.com/?p=1045

Doze passas

https://infantilidades.wordpress.com/2017/12/31/poema-para-o-novo-ano/

Os restantes sonetos (mais recentes) que publiquei no blogue foram escritos já depois de fechar a edição deste livro.

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Aventura

Descobri hoje que foi atribuída uma Menção Honrosa ao poema Aventura no III Prêmio Henrique José de Souza de Literatura 2018, organizado pelo Instituto Cultural Brasileiro de Ação e Cidadania. A divulgação já foi há quase um mês, mas só hoje me deu curiosidade de ir ver os resultados.

Tinha concorrido com o poema que vos deixo de seguida.  Foi a única obra distinguida com origem fora do Brasil (só de Portugal concorreram 25 pessoas).

Dia 28 deste mês de setembro, a aventura poética tem um ponto alto como poderás saber por aqui.

Aventura

Só se começa a aventura
E aí se testa a coragem
Se se acabam os mapas
Mas se prossegue a viagem

Só quem sai da autoestrada
Daquilo que conhecia
E entra em caminhos de terra
Chega a lugares de magia

Se enfrenta o desconhecido
E explora cada recanto
Tem o prémio merecido
E abre a boca de espanto

Só quem se adentra pelos medos
E avança com teimosia
No escuro dos seus segredos
É que encontra a poesia.

João Alberto Roque

À procura de uma imagem de “caminhos de terra”, vim ter a este vídeo e achei uma boa opção para ouvir, acompanhando a leitura do meu poema.
Obrigado pele visita e… deliciem-se.

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Vaidade – Soneto de Florbela Espanca

Florbela Espanca.jpg

Vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo…
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho… E não sou nada!…

Florbela Espanca

Mais uma publicação na série de sonetos que andava a publicar, de diferentes autores. Agora calhou a Florbela Espanca, uma das grandes cultoras do soneto em Portugal.

Imagem colhida em: escritas.org/autores/florbela-espanca.jpg

 

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Ao meu jornal diário

Hoje deparei-me com este poema escrito em 2002 e lembrei-me de que terá sido um dos primeiros que publiquei (num jornal escolar) desde que recomecei, já adulto, a escrever poesia. É engraçado como na altura fiz rimar “páginas” com “chacinas” e “dia” com “tragédia”. Hoje sei que é um disparate, embora não seja uma “tragédia”. Na altura passou-me… julgo que já saberia que aquelas palavras não rimam. Quanto à mensagem… permanece atual.

ler_jornais_01

Ao meu jornal diário

 

Caro jornal matutino,

sou forçado a protestar

que o mundo perdeu o tino

e me está a arrastar.

 

Como hei de ter um bom dia

se ao folhear tuas páginas

na primeira há tragédia

no meio roubos, chacinas.

 

Na última fome e guerra…

Deixa que te pergunte isto:

nada há de bom na Terra

que mereça um registo?

 

Não me relates horrores,

fala-me antes de paz,

de descobertas, de amores,

fala do bem que se faz.

 

Espero isso para breve

e não é pedir demais!

Se não mudares faço greve:

não torno a ler jornais.

João Alberto Roque

Muito do que sei de jornalismo, aprendi com alguém que escreve “Pela Positiva” – o meu amigo professor Fernando Martins – e fui, certamente, influenciado pela sua postura perante a vida.

Imagem colhida em: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=338

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Marcha da Gafanha da Nazaré 2018 – Sardinha

 

 

I       

 

Com a sardinha a chamar…  

Lá na onda altaneira,

O pescador fez-se ao mar,

A bordo de uma traineira.

Toda a noite a trabalhar,

Mesmo com frio e morrinha,

A lançar redes ao mar

Para recolher a sardinha.

 

A noite vai animada

Vamos lá saborear

Mais uma sardinha assada

Neste arraial popular

 

Com a banda a tocar

Com ritmo, Dó, Lá, Mi, Ré

Toda a gente a cantar

Gafanha da Nazaré. (bis)

II

No pregão duma varina,

Que ecoa pelo ar…

Vai tão fresca a sardinha

Na canastra a saltar.

De ancas a menear

E colorido avental

Retoma a volta, a marchar.

Fica a sardinha no sal…

III

Há lá coisa mais gostosa,

Em noite de S. João,

Que uma sardinha com broa

E um copo na outra mão?

É tempo de festejar

Sempre em boa companhia.

Sobre a brasa a assar

Ai, a sardinha já ia…

IV

Se puxo a brasa à sardinha

É para mostrar como é

Não há terra como a minha

Gafanha da Nazaré.

Hoje foi o dia da primeira apresentação das Marchas Populares, com início pelas 22 horas. Decorreu no estacionamento por trás da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré. Nas próximas sexta (Costa Nova) e sábado (Ílhavo) haverá novas apresentações.

Desta vez a escolha recaiu sobre um texto que já tinha escrito há anos, mas ficara na gaveta. Puxando a brasa à minha sardinha, este é um daqueles temas que fica muito bem numa marcha da Gafanha da Nazaré. Já achara o mesmo da de 2013.

Pode assistir aqui ao vídeo da primeira apresentação.

Clicando nas imagens abaixo, poderás conhecer as dos anos anteriores, também com textos meus.

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SONY DSC Marcha 2016 Marcha 2015 Serenata moliceiro 2 

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É na escola meu lugar

 

Trabalho infantil

É na escola meu lugar

Criança deve brincar
E a brincar aprender
Por enquanto, sou criança
É na escola meu lugar
O lugar para crescer.

Preciso de alimentar
Esta fome de saber
Por enquanto, sou criança
É na escola meu lugar
E meu trabalho aprender

Hei de um dia trabalhar
E meu trabalho render
Por enquanto, sou criança
É na escola meu lugar
Que preciso de crescer.

Estar com fome e estudar?
Cansado e aprender?
Não foste também criança?
Põe-te então no meu lugar!
É preciso responder?

Não me impeçam de sonhar
Quero estudar, criar, ler
Por enquanto, sou criança
É na escola meu lugar
O lugar para crescer.

João Alberto Roque

Trabalho infantil 2

Depois do texto – o mais visitado do blogue – sobre o trabalho infantil que escrevi há muitos anos (sobre a realidade portuguesa na indústria do calçado, que felizmente pertence maioritariamente à história), volto ao tema, de uma forma mais suave, com este poema. Infelizmente em muitos países do mundo ainda continua a ser um tema bastante pertinente, lembrado especialmente neste “Dia Mundial contra o trabalho infantil”.

Hoje nas escolas portuguesas, quando um aluno vem cansado e sonolento, geralmente a causa não é o trabalho infantil, mas as noites mal dormidas devido à utilização indevida e exagerada das novas tecnologias. Há, no entanto, ainda casos pontuais de exploração do trabalho infantil que importa erradicar. Também não sou adepto do extremo oposto, em que as crianças não colaboram em qualquer tarefa em casa.

Colaborar nas tarefas domésticas, de forma leve, adaptada à idade, e que lhes deixe tempo para o estudo e para o lazer, é também parte da sua aprendizagem para a vida.

Imagens colhidas em:

http://piauihoje.com/noticias/brasil-tem-aumento-do-trabalho-infantil-entre-criancas-de-5-a-9-anos/
https://comdeuseaverdade.blogspot.com/2015/04/ministros-assinam-portaria-que.html

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Soneto de Camões

 

Em quanto quis Fortuna que tivesse
esperanças de algum contentamento,
o gosto de um suave pensamento
me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse
minha escritura a algum juízo isento,
escureceu-me o engenho, com o tormento,
para que seus enganos não dissesse

Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos
a diversas vontades, quando lerdes
num breve livro casos tão diversos!

Verdades puras são, e não defeitos;
e sabei que, segundo o amor tiverdes,
tereis o entendimento de meus versos.

Luís Vaz de Camões

 

Camões

Caricatura feita por Pablo Morales de los Ríos “colhida” em http://speglich.blogspot.com/2016/09/luiz-vaz-de-camoes.html

 

Ontem foi dia de Camões, mas não consegui encontrar tempo para me dedicar a esta publicação que tinha desejado fazer… vai hoje.

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Prioridades

 

pressão

Deixe-me que lhe diga, professor

O trabalho de casa que marcou

Não fiz… que ontem o tempo não chegou

Mas não me marque falta por favor

 

Sabe… da escola vou para o explicador

(que o noventa e cinco não chegou)

Depois tenho piano e ainda vou

À aula de inglês para ser melhor

 

Ponho à frente o livro e o caderno

Começo a fazê-lo e adormeço

Se a minha mãe sabe é o inferno…

 

Diz-me ela que dá mais do que eu mereço

Veja bem: eu só queria um beijo terno…

Acha demasiado o que eu lhe peço?

Hoje, Dia Mundial da Criança, deixo-vos com uma reflexão sobre a pressão excessiva que alguns alunos sofrem por parte dos seus pais.

Um professor percebe quase sempre que esse exagero existe, mas nem sempre consegue saber como atuar, que os alunos não reagem à pressão sempre da mesma forma. Para alguns alunos, a única coisa que passa a interessar é um número alto para mostrar aos pais, e muitas vezes acabam por ser inconvenientes, passe o eufemismo. A verdadeira aprendizagem pouco importa. Já para não falar dos casos em que a pressão vem diretamente dos pais aos professores, num total desrespeito.

Não é fácil, para qualquer adulto, dosear a pressão sobre as crianças sobre as quais tem responsabilidades. Uns demitem-se completamente e outros exageram claramente.

Imagem retirada de https://www.noticiasmagazine.pt/2017/carregar-a-educacao-as-costas

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Marginal – Vieira da Silva

Vieira da Silva

Deixo-vos com um poema de António Vieira da Silva, o médico, o poeta e cantor, cujo livro “Marginal” vai servir de base à próxima sessão da “Comunidade de Leitores”.

Deixo ainda o convite a todos… será no dia 24 de maio de 2018, na Biblioteca Municipal de Ílhavo.  

Até gostariam de participar, mas não têm o livro para o ler… Essa desculpa não serve…  o autor disponibiliza-o, completo, na sua página na Internet. Basta clicar em:

http://www.vieiradasilva-ilhavo.com/marginal.pdf

De lá escolhi este poema de rara sensibilidade, ou não trabalhasse numa…

Escola

professor
não tenhas pressa

saí agora de casa
tenho a amarga sensação
de perda não sei de quê
de um regaço
de um abraço
que me ficou na memória

professor
não tenhas pressa
não sou um quadro vazio
já trago dentro de mim
os traços de outras viagens
imaginárias
reais
dos dias da minha história.

Vieira da Silva

Depois de no ano passado, em que decorreu na Gafanha da Nazaré, ter tido sempre por base obras de autores que vivem ou têm uma grande ligação ao concelho, este ano é a primeira vez que se baseia num livro de um autor local.

No dia 24 eu vou lá estar (mais uma vez)… e tu?

 
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Liberdade

Janela aberta 2

Liberdade

 

A poesia

É uma janela aberta à liberdade

Uma falha na segurança

Que aproveito com habilidade

A minha poesia

Fala com frequência

De prisão

De evasão

Poderia dizer-vos

Que nunca estive preso

Mas mentiria

As prisões

Na minha vida são bem reais

Assim como as minhas tentativas

De evasão

Sou prisioneiro

Das minhas limitações

Das minhas faltas de coragem

Das minhas omissões

Mas cada vez que me sinto preso

Penso logo em evadir-me

E aí entra a poesia

Entram os passes de magia

Sou mestre nas ilusões

Sou um malabarista

Um prestidigitador

A poesia permite-me

Um escape à realidade

Para mim a poesia

É uma janela aberta à liberdade

Nela não há mentiras

Mas há muito pouco de verdade.

Hoje, Dia Mundial da Poesia, deixo-vos com um poema que tem a poesia como tema. Escrito em 2005, ainda não tinha saído cá de casa. Hoje abri-lhe a janela e deixei-o voar.

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O Fim

Estamos a preparar mais uma participação nas “Escolíadas” e deu-me para recordar… “O Fim”, tema da nossa escola no ano anterior ao “Fim do Mundo”. Lembram-se?

Já reparaste no que andas a perder
Enquanto olhas o que foi ou o que vai ser?
Então aceita este dia como se fosse um presente…
E porque não? E porque não? E porque não?

Vive cada dia… decifra os sinais!
Vive este dia… tu não tens mais,
Que o teu mundo acabará…
Sim, algum dia o fim chegará…

Já reparaste quantas vezes adiaste
Quantas vezes tu deixaste para depois…
Os anseios mais profundos que trazes no coração?
O que é que esperas? O que é que esperas? O que é que esperas?

O fim está…
O fim está aí!
O fim está aí mesmo!
Porque é que tu não queres ver?

Vive cada dia… decifra os sinais!
Vive este dia… tu não tens mais,
Que o teu mundo acabará…
Sim, algum dia o fim chegará!

Tu sabes tudo, tudo… Eu só sigo o coração.
O fim está perto, o fim é certo, mas vives na ilusão.
O tempo é pouco, sim, o que tens p’ra viver.
Segue os teus sonhos, sente o coração bater,

Não fujas mais de ti, dos teus ideais
Porque amanhã pode ser já tarde demais.
Então pára! Pára aí! Pensa um pouco:
Onde vais, sem um rumo, como louco?
Assim não chegas lá… assim não chegas lá…

Vive cada dia… decifra os sinais!
Vive este dia… tu não tens mais,
Que o teu mundo acabará…
Sim, algum dia o fim chegará!

Gostei muito desta canção (pudera… a letra foi da minha autoria, criada para a melodia de Hurricane – 30 seconds to Mars) na voz da Maggie Leal e da Prof. Anabela Rocha, duas vozes lindas.
Nesse ano o João Almeida foi agraciado com o prémio de melhor bailarino das Escolíadas – percebe-se bem porquê. A Catarina Silva e a Beatriz Caçoilo também estiveram muito bem.

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Na rua – uma pintura com história

Dia 23 deste mês de fevereiro haverá um sarau na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, organizado pela equipa que está a preparar a participação da nossa escola nas Escolíadas deste ano.

Tinha-me disponibilizado a participar, mas foi marcada para o mesmo dia e hora, uma reunião da Assembleia Municipal, de que faço parte, pelo que não terei possibilidade de estar presente.

O que queria apresentar, e vos deixo aqui, é uma história – em verso e pintura – memória da minha primeira participação nas Escolíadas.

 

Pintura - Na Rua

Na rua

     I

Na rua…

Há muita gente que passa

no seu passo apressado

sem laços que liguem

a quem segue a seu lado

A rua é, muitas vezes,

um espaço de solidão

mesmo que à volta

exista uma multidão

     II

É noite, há um ser humano

abandonado na rua,

alguém para quem a vida

foi cruel, sob a crua luz da lua

Sim, porque muitas vezes

passaste por ele na rua

mas fingiste que nada vias…

a culpa também é tua

     III

Quem está à tua frente

vive uma dura realidade

mas é alguém que merece

uma nova oportunidade

Só precisa que alguém

o olhe nos olhos, lhe dê a mão

e o ajude

a levantar-se do chão

     IV

Enquanto nas nossas ruas

houver gente solitária

será precisa mais gente

numa atitude solidária

A rua é local de encontro

não só ponto de passagem

deve ser lugar de festa

e que ninguém fique à margem.

Este poema foi feito para apresentar, nas Escolíadas de 2006, a prova de pintura, subordinada ao tema “A Rua” (tema geral da nossa participação).

Tentámos (e acho que conseguimos) contar uma história com este poema e diferentes imagens exibidas a partir de uma única… para isso usámos o nosso engenho e arte e um pouco de (pa)ciência.
A pintura, quando iluminada com luz de diferentes cores ia revelando as diferentes cenas:

I – Multidão (pintada em azul, é iluminada com luz azul que “esconde” o vermelho);

II – Há um “Sem-abrigo” deitado no chão. O céu, iluminado com a luz vermelha, fica escuro (noite) e a multidão deixa de se ver;

III – A personagem central ajuda o “sem-abrigo” a levantar-se (pintados com tinta florescente. A iluminação com “luz negra” esconde tudo o resto, menos algumas janelas iluminadas);

IV – Vê-se todo o conjunto (sob luz branca).

Dessa edição de 2006,  a primeira em que participei, duas pessoas merecem ser destacadas: a professora Eunice Almeida – a “cola” que fez de um grupo heterogéneo uma verdadeira equipa – e o Paulo Fernandes (Zyon) – o nosso craque da pintura, com excelente domínio do desenho e do manejo das tintas em spray, que, com a minha colaboração, conseguiu uma prova que teve a cotação máxima de todos os elementos do júri.

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Pudesse eu

Sophia Mello Breyner Andresen

Hoje, na biblioteca, li alguns poemas de Sophia. Deixo-vos com ela.

Pudesse eu não ter laços nem limites 
Ó vida de mil faces transbordantes 
Para poder responder aos teus convites 
Suspensos na surpresa dos instantes!

Sophia de Mello Breyner Andresen

A imagem colhi-a aqui:
https://lernarede.wordpress.com/2016/01/25/o-nome-das-coisas-sophia-de-mello-breyner-andresen/

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Poema para o “Dia dos Namorados”

Corações no estendal

Deixei-me assaltar

Sabendo que há quem goste de roubar
Por vezes eu esqueço as cautelas
E, se o tempo está bom, abro as janelas
E ponho o coração a arejar

Com perigo de apanhar correntes de ar
Que sempre deixam graves sequelas…
Não será maior risco se em vez delas
deixar o coração asfixiar?

Num risco, pelo seguro, não coberto
Amiúde já fui alvo de ladrões
Saber manter a calma, é o mais certo

Pois creio que quem rouba corações
Nunca virá armado e decerto
O fará com a melhor das intenções.

Escrevi este soneto em fevereiro de 2017 e, depois de um ano a maturar, optei por publicá-lo.
A decoração na biblioteca da minha escola para o “Dia dos Namorados” incluía um “estendal” de corações e lembrei-me deste poema que fala de pôr “o coração a arejar”.

A todos os meus leitores, onde quer que estejam, um feliz “Dia dos namorados”.

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Poema para o novo ano

2018

Doze passas

Horas de festa, horas bem passadas
E há mais um amigo que se abraça.
Dança-se e as hostes seguem animadas…
É ver-me a esvaziar mais uma taça.

Quando soam as doze badaladas
Formulo os desejos… passa a passa
São horas doze passas bem regadas
Ainda o sino ecoa pela praça.

São desejos que eu sei já sem pensar,
De ano após ano os desejar.
Contei bem ou saltei, no frenesim?

Nunca teve sucesso o “peditório”
Talvez deva mudar o repertório
Pedir o que dependa só de mim.

João Alberto Roque

Escrito no dia 1 de janeiro de 2015, lembrei-me hoje de o publicar: Um soneto para acolher o novo ano.

Alguém já sentiu algo parecido? Acredito que sim.

Um bom ano a todos os amigos e aos leitores do meu blogue, com a esperança que reúnam a determinação e os restantes fatores necessários à concretização dos vossos desejos durante 2018.

Nas imagens abaixo, ligações a outros poemas que fui publicando no blogue.

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foguete Haikai 2017 Origens  Censura Decantação 2

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Vale a pena tentar?

 

Vale a pena tentar?

Vale a pena tentar a audácia de mais um passo?
Vale a pena tentar, só o querer supera o cansaço!

Vale a pena tentar até que nos doa a voz?
Vale a pena tentar, mesmo se tudo joga contra nós!

Acreditar é o segredo…
vai em frente, vai sem medo
de arriscar.
Se é difícil a viagem,
só vence quem tem coragem
de tentar.

Vale a pena tentar sem certezas de sucesso?
Vale a pena tentar, mesmo sabendo os riscos do processo!

Vale a pena tentar mesmo se isso causa dor?
Vale a pena tentar, só assim saberás o teu valor!

Acreditar é o segredo…

Vale a pena tentar soltar a amarra que prende?
Vale a pena tentar, certos de que a falhar também se aprende!

Vale a pena tentar contra ventos e marés?
Vale a pena tentar, mas sempre sem deixar de ser quem és!

Acreditar é o segredo…

Esta é a letra da canção que levei ao 17.º Festival da Canção Vida – uma iniciativa muito meritória do Grupo de Jovens “A Tulha” como salientou a artista convidada – Rita Redshoes – pois privilegia a criatividade.
As cantoras são Lara Pereira e Juliana Moreira, ambas com doze anos. No trombone, Diogo Bastos, de 14 anos, e na guitarra, Sara Coelho, de 18 anos. Todos alunos da Escola onde também trabalho – a Secundária da Gafanha Nazaré.
Um agradecimento especial aos colegas e amigos Aníbal Seco e Margarida Alves, com quem posso sempre contar.
O Júri atribuiu à canção o prémio para a melhor mensagem.

Quanto ao vídeo, podes assistir aqui.

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5º Festival de Haicai de Petrópolis

Brotando do solo

Delicadamente
Despontam do chão os brotos
Às primeiras chuvas.

Esta foi a minha participação no  5º Festival de Haicai de Petrópolis, que foi distinguida com o quarto lugar.

Entre os restantes premiados, gostei especialmente do que ficou em terceiro lugar, que partilha com o meu o tema da germinação das sementes.

Semente que brota
Traz as memórias do ocaso
E os sonhos da aurora

de Eduardo Laurent – Porto Alegre – RS

Partilho com os leitores do blogue ainda os outros dois Haicai que enviei:

Esta doce espera:
Paciência de semente
Em geminação.

Voa a andorinha…
Vê-la é inspirador
E eu voo com ela.

Como podem perceber aqui, os haicai são uma forma poética de origem japonesa. Aprecio especialmente a sua delicadeza e tento seguir a lógica dos haicai mais tradicionais.

A minha ligação a Petrópolis vai-se fortalecendo. É a sexta vez que participo em concursos organizados nessa bela cidade brasileira e em quatro deles fui distinguido: três vezes com haicai (sempre que participei) e uma vez com um soneto. Obrigado à organização, na pessoa da Catarina Maul, que, depois de ter participado pela primeira vez, tem tido a simpatia de me avisar dos concursos.

A imagem encontrei-a aqui: https://greatist.com/happiness/spring-you-should-smell-dirt-says-margaret-atwood

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Poema de José Gomes Ferreira

Deixo os leitores do meu blogue com este belo poema de José Gomes Ferreira.

Rio e estrelas

Entrei no café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação…

A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.

Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.

E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.

José Gomes Ferreira

 

A imagem recortei-a daqui: https://www.artsfon.com

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No dia Mundial da Criança

No dia Mundial da Criança resolvi voltar à matriz inicial deste blogue e colocar um texto escrito há muitos anos, enquanto a minha filha mais nova brincava num parque infantil, numa zona muito movimentada da cidade. Ainda bem que não tinha uma máquina fotográfica e tive que tirar a “fotografia” num poema.

Instante feliz

Nos teus olhos, minha filha
Nos teus olhos, brilha
Uma felicidade genuína
Que só se tem quando se é
Assim, como tu, pequenina.

Outros meninos e meninas,
Crianças também pequeninas,
Alheios a tudo, brincam.
Dos adultos que passam
Muitos nem sequer olham.

Estando ali atento, vigilante,
Reparei a certo instante
Em algo belo, enternecedor:
Um casal jovem que passava
Parou, a olhar-vos com amor.

Naquele olhar tão puro,
Quantos projetos de futuro.
Pensei eu, que assisti.
Tanta felicidade cativa
E, simplesmente, sorri.

A foto não é aquilo que procurava, até porque as crianças na situação presenciada eram bastante mais pequenas, mas é a possível… e é interessante.

criancas num parque infantil

Imagem colhida em http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2013/01/dicas-de-atividades-para-fazer-em-casa-com-as-criancas

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A censura

Auto-censura

Aos dezassete anos

Já era “poeta”

Mas o que escrevia

Nunca ninguém lia

É que nesses tempos

De boa memória *

A censura atuava

E tudo cortava

Mas isso que importa

Se ficava feliz,

Como alguém que ama,

Ao ler o poema

Mas passados dias

Ou horas apenas

O censor chegava

E nada escapava

Eu era o escritor

E o crítico feroz.

Que grande guerra

Havia entre nós.

O pavor do ridículo

Vencia por fim.

Podia lá ser…

Expor-me assim?

João Alberto Roque
(10 de Novembro de 1999)

* Nota… para não haver lugar a confusões: esses tempos de boa memória são os da juventude, em que a (auto)censura atuava.

Depois de no artigo anterior ter apresentado o primeiro texto da fase de redescoberta da poesia, aqui fica o segundo poema e a nota que escrevi na altura a acompanhá-lo.

Na imagem que criei a partir de um manuscrito obtido na rede, recrio um carimbo da censura dos tempos da ditadura, que acabou tinha eu doze anos.

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Ondas da Memória

O soneto Ondas da Memória, associado a uma melodia também criada por mim e posteriormente complementada com o talento musical dos amigos Aníbal Seco, Rogério Fernandes e Inês Margaça, foi selecionado para o Festival da Canção Vida, organizado pela associação de Jovens A Tulha. Neste sábado, perante a Casa da Cultura de Ílhavo cheia de apreciadores, a canção foi apresentada ao público na bela voz da Beatriz Dores. O grupo incluía ainda o André Marçal, o João Pedro Caçoilo, o Pedro Rocha e o David Roque.

Ondas da memória

Ouço as ondas do mar, ouço-as bem
E elas dão-me o tom para a canção…
Dão-me também o ritmo em seu vaivém
E trazem-me a paz ao coração.

Se estou só, com saudades, sei porém
Que querias partilhar a ocasião
E que a espera é curta, creio bem,
Até eu ter na minha a tua mão.

Deixo a voz espraiar-se, neste canto,
Neste extenso areal, praia vazia…
Voa com as gaivotas que espanto.

Pois se o mar me traz melancolia,
Na alma sobrevive um doce encanto…
E na memória há risos de alegria.

Parabéns para a associação de jovens A Tulha pelas dezasseis edições do festival e pelo profissionalismo colocado em cada uma das edições. Pela minha parte, estou disponível para continuar a colaborar com mais poemas, para juntar aos cinco que já foram dados a conhecer na voz dos jovens que têm aceitado emprestá-la aos meus textos.

Nesta edição apresentei também a canção Esta casa, cujo texto pode ser lido aqui.

As fotos são do Filipe Bola.

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Esta casa

esta-casa

Mais uma vez um dos meus poemas saiu do anonimato. Foi musicado e apresentado publicamente no XVI Festival da Canção Vida, organizado pelo Grupo de Jovens A Tulha.

Obrigado ao André Marçal e ao David Roque que fizeram a música e a cantaram perante o público que lotou a Casa da Cultura de Ílhavo. Obrigado ainda ao João Pedro Caçoilo e ao Pedro Rocha que os acompanharam.

Esta casa

Começo-a pelo telhado
O que não é bem normal
Mas não me levem a mal
Que é um risco calculado!

Vidros duplos na janela
ou serão duplos sentidos?
Apenas para entendidos
Que olhem de fora por ela…

Sei que parece estranha
por estar assim dividida
Uma parte é pessoal
e foi feita à medida

Noutra cabem os amigos
cada qual com os seus fados
Esta casa é a vida
e sois todos convidados

Construo-a com a leveza
Das palavras que me abrigam…
Paredes que desafiam
Tantas leis da natureza!

Podeis entrar que não cai
Porque está bem construída
Pois também vós sois as vigas
Desta casa que é a vida…

O poema já tinha uns anos e foi cortado para  se ajustar ao objetivo e acrescentado o refrão.
Um trabalho de equipa cujo resultado final me agradou bastante.

Outra canção com base no meu soneto Ondas da Memória foi cantada pela Beatriz Godinho Dores e com o acompanhamento dos elementos atrás referidos. Ver aqui.

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IV Festival de Haicai de Petrópolis

new life

Tempo de criar,
tempo de acreditar
que hão de vir os frutos

João Alberto Roque

Voltei a participar no Festival de Haicai de Petrópolis e um dos poemas que enviei foi selecionado para ser publicado na coletânea .

Trata-se de uma forma poética de origem japonesa com apenas três versos e sem rima. Tradicionalmente evidenciam uma ligação à natureza e às estações do ano e apresentam um carácter contemplativo e delicado que aprecio bastante.

 

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Decantação

No primeiro dia de um novo ano letivo, volto a olhar para o meu blogue, de que tenho andado muito ausente, deixando este poema, já com anos, de uma fase em que escrevi vários com base em conceitos científicos. Espero que gostes.

 Decantação1

Decantação

Deixei repousar
As palavras
Agitadas
Misturadas

Soprei a espuma dos dias
Verti com cuidado

No fundo ficou só
Puro
O amor.

João Alberto Roque

Decantação2

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Marcha da Gafanha da Nazaré – 2016

Marcha 2016 - Bailarico

Bailarico pelo S. João

Tocando no palco, meio improvisado,
O conjunto estava tão desanimado…
Sentado num canto, eu estava triste,
Depois tu entraste… nem sequer me viste.

E eram os Tochas, eram os Tavares
Eles bem que tocavam, mas até chegares
Não tinha vontade nem para sonhar…
Para me atrever… bastou um olhar.

Neste bailarico, pelo S. João,
Sozinho, eu não fico… Dá­-me a tua mão.
Até acabar, que já pouco resta,
Vem daí dançar, que é dia de festa.

Estou encantado por ser o teu par
Sinto-­me invejado por tanto olhar
E ninguém me ganha, não arredo pé…
Aqui na Gafanha, a da Nazaré.

Sinto-­me nas nuvens, estou enamorado
É tudo mais belo, contigo a meu lado
E sinto cá dentro no meu coração
Que olha por mim o meu S. João.

Tudo é possível num passo de dança
Que o teu sorriso dá­-me confiança
E no bailarico ou no arraial
Acredito nada pode correr mal.

Neste bailarico, pelo S. João […]

E hoje recordo, feliz, o passado,
Aqui a marchar contigo a meu lado,
Pois se hoje vamos dando a nossa mão
Tudo começou pelo S. João.

Nesse bailarico foste o meu par
E foi para a vida. Volto a cantar…
A mesma canção, décadas depois.
Dançar ou viver é melhor a dois.

Mais uma vez calhou-me escrever a letra da Marcha da Gafanha da Nazaré.

O tema foi proposto pela Helena Semião (Lela) e não posso dizer que foi fácil, mas acabei por gostar.

Este ano tive sempre ocupações coincidentes com os horários dos ensaios e a minha contribuição não foi além de escrever a letra. Desejo boa sorte ao grupo para todas as apresentações.

Vídeo de uma das apresentações, neste caso na Gafanha da Nazaré.

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Barbárie

Estava a escrever este artigo, originalmente sob o título Origens, quando me surgiu no canto inferior direito do ecrã a informação de que Morreu deputada britânica alvejada e esfaqueada na rua. Li o artigo do Jornal Público e recordei também os inúmeros massacres que têm acontecido, um pouco por todo o mundo, uns muito mediatizados, outros que não passam de notas de rodapé, porque acontecem fora da Europa ou da América do Norte. Foi sobre tudo isto que eu escrevi este poema há cerca de um ano, inspirado em Nelson Mandela. Mudei o título do artigo para Barbárie, mas deixo-vos com o meu poema

Origens

Nascemos predispostos para amar
O coração aberto a alma pura
E, juntos, começámos a aventura…
Porque é que isso havia de mudar?

Porque é que aprendemos a odiar
Se o ódio é em nós contranatura?
Porque é que se instalou esta cultura
Em que já é normal desconfiar?

Voltemos às origens, à pureza
Lembremos onde temos as raízes
Que o amor está na nossa natureza

É chama que se oculta, não se extingue
Temos que reavivar… vencer as crises
Aprender… que é o amor que nos distingue.

João Alberto Roque

Li este poema na biblioteca da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, numa atividade a que demos o nome de “Chá de Letras”,  que nesse dia 10 de Dezembro de 2015 foi dedicado à temática dos Direitos Humanos.

Escrevi este soneto inspirado no texto: 

Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.

Long Walk to Freedom, de Nelson Mandela

Mandela

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O cravo de abril

Cravo

 

Era um cravo vermelho de abril

Coloquei na lapela só a flor

E a haste, com esperança infantil,

Pus no solo e reguei-a com amor

Concretizou-se o sonho pueril

Suportou a secura e o calor

E vi-a renascer primaveril

Quem sabe, ainda este ano, dará flor

Porque abril foi um sonho, esperança

Que ainda só em parte se cumpriu

Mas renasce quando há qualquer mudança…

Passou a tempestade e resistiu

Vou agora, chegada esta bonança,

Lá fora ver se o cravo já floriu.

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Alandroal – poesia sobre contrabando

Participei, este ano, no concurso de poesia popular promovido pela Câmara Municipal de Alandroal, subordinado ao tema “contrabando”. O tema tinha que ser trabalhado em décimas, com base num mote. Num dos trabalhos usei um mote próprio e no outro uma quadra de António Aleixo.

Eu já não sei o que faça
p’ra juntar algum dinheiro;
se se vendesse a desgraça
já hoje eu era banqueiro.

António Aleixo

As décimas têm regras rígidas no que respeita à rima. Se não conhecem podem verificar nos meus dois textos. Foi um desfio interessante e que me obrigou a alguma pesquisa. O resultado agradou-me.

Gostei da organização. Enviaram-me a coletânea, os dois cartazes com os meus textos, que estiveram expostos ao público e o certificado de participação.

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Hino à Gafanha da Nazaré

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A quem buscava um futuro
Nunca negaste o sustento
Foste um porto seguro
Terra de acolhimento
Foste o cais da partida
Para grandes aventuras
Em epopeia vivida
Sempre em condições tão duras

Nesta língua de areia
Entre a laguna e o mar
Nasceste, pequena aldeia
Que aprendemos a amar
Depois vila, tão formosa,
Embalada pela maré,
Hoje és cidade orgulhosa…
Gafanha da Nazaré

És lugar acolhedor,
Em que escolhemos viver,
Que um povo batalhador
Com trabalho faz crescer
Queremos cantar-te um Hino
Para expressar esta fé:
Mandarás no teu destino…
Gafanha da Nazaré.

João Alberto Roque

 

Escrevi este texto em 2012, quando a ADIG lançou o concurso para um Hino à Gafanha da Nazaré. Estando ligado à organização do concurso, obviamente não podia concorrer, mas podia escrever… e saiu-me assim.

Hoje, numa viagem pelos meus textos, encontrei-o e achei que era uma boa data – feriado municipal – para o dar a conhecer.

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Chegou-me a coletânea do  I Concurso Internacional de Poesia da Casa de Espanha.

Este concurso é uma iniciativa da Casa de Espanha – Núcleo Artístico-Cultural Federico Garcia Lorca, no Rio de Janeiro – Brasil. Deu-me mais uma oportunidade e a alegria de ver os meus textos divulgados e lidos.

Já me tinha chegado na semana passada. mas foi uma semana de muito trabalho e só agora houve disponibilidade mental para deixar aqui a notícia.

Para ler basta clicar nas imagens ou ver a publicação anterior.

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Sem ti

 

Não posso viver sem ti!

A constatação não é de agora…

Nem sei porque demorei tanto a confessá-lo num poema.

 

Infelizmente nem sempre te tenho por perto, como desejaria,

e quanto mais tempo passo sem ti

mais sinto a tua falta,

mais sinto a urgência de me beijares nos lábios,

pura

e me fazeres reviver.

 

Quando te ofereces em abundância

Dispo-me de tudo

E mergulho em ti, até ficar sem ar.

Abro os braços, como asas, e voo calma, pausadamente,

Vencendo a gravidade.

Só mesmo no teu seio poderia viver

esta inimitável sensação de leveza, de imponderabilidade.

 

O teu toque na minha pele é estimulante…

Por mim deixava-me ficar para sempre.

Despeço-me num arrepio e na certeza

De que não estarei longe de ti por muito tempo.

 

Só de pensar em ti,apeteces-me!

O que vale é que não estás longe

E basta-me pedir que te tragam até mim:

– Olhe, faz favor, traz-me um copo de água?

Diving

Um poema para o dia 22 de março, Dia da Água. Um daqueles que exige uma segunda leitura, depois do anti-clímax do final do poema.

Os meus dias precisavam de ter 25 horas para não me atrasar nas datas.

Imagem “pescada” em http://mpora.com/outsiders/ed-leigh-swearing-giant-balls-best-moments-action-sports-commentary

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Poesia na cidade em papel

O Dia Mundial da poesia ficou este ano, para mim, marcado pela publicação na analecta da Biblioteca Municipal / Câmara Municipal de Condeixa do poema que aqui publiquei há um ano. Tinha sido selecionado no concurso de 2014.

Tive o gosto de ter estado presente na sessão que decorreu no sábado, dia 19 de março, na Biblioteca Municipal de Condeixa e que contou com agradáveis momentos de música e de poesia.

Foi um sábado cheio. Acompanhei três alunos da minha turma do 11º A às Olimpíadas da Geologia, que decorreram em Coimbra, e depois acompanharam-me eles a mim à sessão em Condeixa e gostaram de viver um sábado diferente.

Tinha já um poema na primeira analecta e, como gostei, repeti a dose.

 

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O mar dos meus olhos – Sophia

Neste dia deixo-vos com um belo poema, especialmente dedicado às mulheres.

Mar

Sophia de Mello Breyner Andresen

e não “O mar dos meus olhos” (ver nota)

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens…
Há mulheres que são maré em noites de tardes…
e calma

Adelina Barradas de Oliveira in https://cleopatramoon.blogs.sapo.pt/
e não
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Obra Poética
como escrevi originalmente (ver nota)
Nota (datada de 16 de fevereiro de 2019):
Este poema, vim a saber quase três anos depois, não é de Sophia. Tal facto não lhe retira qualquer mérito. A autora é Adelina Barradas de Oliveira e enorme a divulgação deste poema teve por base um equívoco – o poema foi publicado em 2009 sob o título Sophia de Mello Breyner Andresen no blogue da autora e copiado por visitantes como se fosse de Sophia. O tornar-se viral, na minha modesta opinião resulta do nome que o assinava, mas (e sobretudo) da beleza do poema. Por alguma razão o escolhi para iniciar um dos capítulos do meu livro “Um Olhar…”
Eu que já tive que reclamar a autoria de um poema, que começava a aparecer como sendo de Mia Couto, entendo bem como estas coisas acontecem.
Do modo possível, desejo dar os créditos a quem de direito. Parabéns à autora pela beleza das palavras, inspiradas em Sophia.
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Carta de Amor

Alda 1981

Aldinha, meu amor,

Tenho quatro retratos teus
Nas paredes do meu quarto
Que me iludem a saudade
Até ao momento em que parto.

Na brancura da parede
Andava o meu olhar perdido
Teus retratos são o verde
Neste Alentejo ressequido.

Cheguei a pensar até
Que gostava de os ver
Mas mudei de opinião
Ao começar a escrever.

Os retratos são bonitos,
Fica a parede composta,
Mas nada substitui
A pessoa que se ama.

(não rima mas é verdade
E é isso que interessa)
Ainda não sei quando irei
Mas quero ver-te depressa.

Um beijo…

(Cuba, 8 de Outubro de 1985)

Escrevi esta carta de amor tinha 23 anos. Neste dia dos namorados resolvi recuperá-la.
Perdi todos poemas que escrevi na juventude, mas este teve a sorte de ser guardado por alguém mais organizado que eu…

Escrita num tempo em que não havia correio eletrónico ou SMS, a carta lá seguiu, pelo correio, desde a Cuba até Vouzela… onde estávamos a começar o ano letivo, o primeiro depois do estágio. Para estarmos juntos, fazíamos quase mil quilómetros em cada fim-de-semana. Só a minha parte eram 860 km e 14 horas de viagem.

Trinta anos depois, sabe bem relê-la e recordar tudo isso.

Diz o poeta:

“Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas. “

o que vale é que eu estou numa idade em que isso já não me preocupa e concluo como o poeta:

“Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas. “

(extractos de Todas as cartas de amor são ridículas  – Álvaro de Campos – Heterónimo de Fernando Pessoa)

Aos leitores do meu blogue, um feliz dia dos namorados.

 

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Coletânea “A Palavra em Prisma”

Tardou, mas chegou.

Recebi hoje a coletânea A Palavra em Prisma, do concurso homónimo promovido pelas Bibliotecas Públicas Municipais de Guarulhos – São Paulo – Brasil.

É  sempre muito agradável receber uma obra como esta. Uma coletânea bonita, bem trabalhada, com capa dura e sobretudo com um conteúdo interessante – os trinta poemas selecionados. Parece-me, pela leitura das biografias dos autores, que sou o único português nesta coletânea.

O texto, como contei aqui há mais de dois anos, nasceu de um desafio da biblioteca da escola onde trabalho. Um livro em branco para os alunos e outros utilizadores escreverem algo sobre o tema E se eu fosse um livro?

Clica nas imagens para as aumentares e conseguires ler o texto. Em alternativa, podes ler o soneto aqui. Poderás reparar que há duas pequenas diferenças no texto.

Tinha prometido que quando recebesse os meus trinta exemplares da coletânea  a biblioteca da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré receberia um deles, com uma dedicatória sentida. Promessa cumprida hoje mesmo.

Agora, quando tiver mais disponibilidade, oferecerei também um exemplar a outras bibliotecas como a da Escola Básica da Gafanha da Nazaré, a Municipal e ao polo de leitura da Gafanha da Nazaré.

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A tua luz

Olho

A tua luz

Se de longe te olho emites luz
Contrariando as leis da natureza
Aproximo-me e tenho a certeza
Há algo nos teus olhos que reluz

Um brilho que extravasa e que seduz
Lâmpada cintilante sempre acesa
E eu sou a borboleta indefesa
Ignorando o perigo a que me expus

Aceito que essa é a minha sina
Sabendo que essa luz desassossega
Confio que ela apenas me ilumina

Se luz em demasia também cega
Fecho os olhos preenches-me a retina
E abro-me ao amor que não se nega.

Este soneto foi classificado em terceiro lugar no III Concurso de Poesia Serra Serata, em Petrópolis, Brasil.

O tema obrigatório era “Luz” e a forma o soneto clássico.

Depois de no ano passado me terem atribuído o segundo lugar no II Festival de Haicai de Petrópolis, agora tive nova alegria de ver a minha poesia distinguida… e de novo com a companhia nos trabalhos premiados de Edweine Loureiro, um brasileiro com raízes portuguesas e que vive no Japão.

Nota: Encontrei a foto na net, mas não consegui perceber a sua verdadeira origem.

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haik  Parada de Ester 4  Receitada pelo médico    Prémio Literário Hernâni Cidade  Casa de Espanha

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Bach Segóvia Guitarra

AndreSegovia 

A música do ser

Povoa este deserto

Com sua guitarra

Ou com harpas de areia

 

Palavras silabadas

Vêm uma a uma

Na voz da guitarra

 

A música do ser

Interior ao silêncio

Cria seu próprio tempo

Que me dá morada

 

Palavras silabadas

Unidas uma a uma

Às paredes da casa

 

Por companheira tenho

A voz da guitarra

 

E no silêncio ouvinte

O canto me reúne

De muito longe venho

Pelo canto chamada

 

E agora de mim

Não me separa nada

Quando oiço cantar

A música do ser

Nostalgia ordenada

Num silêncio de areia

Que não foi pisada

 

Sophia de Mello Breyner Andresen, in Geografia, 1967,

Este poema de Sophia saiu hoje no exame de Português do 12º Ano. Aqui fica ele para ser saboreado… sem mais complicações.

Escusado será dizer que me inspirou a escrever… mas isso fica para quando calhar.

Imagem – http://www.royalclassics.com/files/actividades_557.jpg

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