Sísifo, eu?

Recebi, mais uma vez este poema de Miguel Torga e escusado será dizer que é um poema interessante, mas o título evoca o mito de Sísifo, e transforma numa espécie de condenação o esforço de empurrar, encosta acima, a “pedra” da vida.

Sísifo

Recomeça….
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

     Diário XIII, Miguel Torga.

Para quem não conhecer o mito de Sísifo, deixo um extrato da wikipedia sobre o tema:
«No último capítulo, Camus esboça o mito de Sísifo, que desafiou os deuses: quando capturado sofreu uma punição: para toda eternidade, ele teria de empurrar uma pedra de uma montanha até o topo; a pedra então rolaria para baixo e ele novamente teria que começar tudo. Camus vê em Sísifo o ser que vive a vida ao máximo, odeia a morte e é condenado a uma tarefa sem sentido, como o herói absurdo. Não obstante reconheça a falta de sentido, Sísifo continua executando sua tarefa diária.
Camus apresenta o mito para trabalhar uma metáfora sobre a vida moderna, como trabalhadores em empregos fúteis em fábricas e escritórios. “O operário de hoje trabalha todos os dias em sua vida, faz as mesmas tarefas. Esse destino não é menos absurdo, mas é trágico quando apenas em raros momentos ele se torna consciente”»

Deixo-vos, neste início do ano, uma réplica a Miguel Torga, jogando com as palavras do seu poema, a revolta possível por, quatro anos depois da idade da reforma firmada com o estado, na altura em que assinei contrato, continuar a ver o merecido descanso como uma miragem.

Sísifo, eu?

Recomeço …
Faço o que me dizes,
Com angústia
E com pressa,
Pois há passos infelizes
Nesse caminho duro
Do futuro:
Falta-me a liberdade.
Esforcei-me, persisti
O mais que consegui,
Nunca fiquei pela metade.
E, agora, revoltado,
Desvio-me, finalmente, deixo a pedra rolar,
Sempre atento e sentindo
Que era um logro desmedido.
Sou homem, quero lembrar:
Após tanto esforço despendido
Mereço, com justiça, aproveitar …


     João Alberto Roque

Essa revolta é apenas a certeza de um destino esmagador, sem a resignação que deveria acompanhá-la.
   Albert Camus, O Mito de Sísifo

Em comum a vida – DNA

Hoje, pelas 19 horas, vou ter uma palestra na Biblioteca da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, integrada numa Tertúlia, com poesia e ciência e que terá como público alvo os alunos do “Qualifica”. Presentes vão estar ainda muitos professores.

Convidaram-me para falar sobre o DNA, e lembrei-me de um poema escrito no já distante dia 5 de janeiro de 2006.

Como canta o Rui Veloso “Muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa”.

Deixo-vos com o poema, nunca publicado:

Em comum a vida

Da bactéria ao esquilo,

da borboleta ao atum,

do homem ao crocodilo,

temos tanto em comum:

código genético igual

da paramécia à acácia,

do fungo ao animal

e não é uma falácia,

É que é mesmo assim.

Existem as mesmas bases

no ADN de um pinguim,

das baratas, dos lilases…

Encontra-se adenina, citosina,

guanina, timina ou uracilo

e o trifosfato de adenosina

de uma águia a um bacilo.

É o mesmo tipo de molécula

que transporta a energia

numa rã ou numa bétula,

num bolor ou numa enguia.

Sendo quase impercetível

qualquer corte nesta linha universal,

cada ser é único e irrepetível

e deve ser respeitado como tal.

João Alberto Roque

Não há bruxas lindas

Na sexta-feira passada, ao fim da tarde, a meio de um trabalho muito desagradável, fiz um intervalinho e como aí vêm as férias (final desta semana), entrei no site onde costumo verificar se há concursos literários que me inspirem a escrever. Reparei que tinha sido o último dia para participar num concurso em que me atribuíram o primeiro prémio em 2008, com “O primeiro passo na Lua”. Com alguma nostalgia, recordei os dias memoráveis que passei na Ilha da Madeira, em outubro de 2009, quando fui receber o prémio. Entrei no site e reparei que tinha lá o livro com os contos vencedores do ano de 2020. Como pode ser lido online, entrei e comecei a folhear o livro, cheio de vontade de ler as histórias distinguidas (bem mais agradáveis de ler que os exames).

Ainda antes de chegar ao conto vencedor havia o índice e, sem o ler, propriamente, saltou-me à vista um título: “Não há bruxas lindas”. Estranhei que alguém usasse tal título e fiquei intrigado. Já nem me recordava que, há dois anos, tinha participado. Nunca mais tinha tido notícias. Imagino que me terão enviado um e-mail, mas terá ido parar ao “spam” e foi uma enorme surpresa, ter-me deparado com o meu conto neste livro. Devem ter achado que fui indelicado por não ter dito nada… que não ia à sessão de entrega de prémios, mas foi mesmo uma surpresa agradável.

Agora que já entreguei o trabalho (reapreciação de exames de biologia e geologia do 11º ano) lembrei-me de partilhar com os amigos… fica o desafio para lerem os seis contos distinguidos. O meu é o último.

De que é feito o meu coração

Participei, em abril do corrente ano, no Concurso Literário, com o tema “De que é feito o meu coração”, promovida pelo Município de Palmela, através das Bibliotecas Municipais, e fui hoje informado de que me foi atribuído o 3.º lugar no 3º escalão (mais de 18 anos).

O concurso, na modalidade de conto, “tem por objetivo promover e valorizar a escrita, a leitura e o livro e criar oportunidades para que as/os escritoras/es apresentem o seu trabalho e enquadra-se nas Comemorações do Centenário do Nascimento de José Saramago. O tema deste ano, “De que é feito o meu coração”, foi precisamente inspirado numa frase do Prémio Nobel da Literatura: “Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu coração fizeram-no de carne e sangra todo o dia”.

O Concurso assinala ainda outras três datas importantes: 2 de abril – Dia Internacional do Livro Infantil, 23 de abril – Dia Mundial do Livro e 25 de Abril – Dia da Liberdade.” (do site do Município de Palmela)

Agradeço a motivação para a escrita que o tema do concurso me proporcionou. Diverti-me imenso ao escrever o texto. Nem todos os concursos têm esse mérito.

Apesar de ser de longe (e por isso gastar muito mais do que o valor do prémio) participarei na cerimónia de entrega de prémios, se a data for compatível com as minhas obrigações profissionais. 

Este ano fui professor bibliotecário e sei a importância que as bibliotecas têm no incentivo à leitura e à escrita. Parabéns à Biblioteca Municipal de Palmela pela iniciativa.

Após a cerimónia de entrega de prémios, que decorrerá em setembro, se nada obstar a essa intenção, partilharei aqui o texto.

Lágrima de preta

24 de novembro é o Dia Nacional da Cultura Científica – a data foi escolhida em homenagem a Rómulo de Carvalho, nascido no dia 24 de novembro de 1906, professor de física e química, divulgador de ciência e autor dos manuais escolares por onde estudei aquela disciplina.

Como poeta (sob o pseudónimo de António Gedeão) foi autor de poemas notáveis – quem não conhece “Pedra filosofal, por exemplo?

Deixo-vos hoje com o poema “Lágrima de preta” – publicado em 1961 e que continua tão atual – a lembrar-nos que somos todos iguais.

Tornou-se conhecido na voz de vários cantores. A canção foi proibida pela censura, até à revolução de Abril de 1974.

Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão

Segue-se o poema, musicado e cantado por Manuel Freire, na melodia que, na minha opinião, lhe serve como uma luva. 

Noutra publicação no blogue já tinha falado de outro poema de António Gedeão que, mais do que uma vez, li nas aulas aos meus alunos.

Bom Dia Nacional da Cultura Cientifica e boas leituras.

De luto por António Torrado

Faleceu hoje o escritor António Torrado. Do site onde encontrei a foto que aqui partilho (https://bibliotecadafeira.blogs.sapo.pt) retirei também esta frase que me parece feliz síntese da importância de António Torrado no panorama cultural nacional, embora sempre incompleta perante a sua obra multifacetada.

“… consensualmente considerado um dos autores mais importantes na literatura infantil portuguesa, possui uma obra bastante extensa e diversificada, que integra textos de raiz popular e tradicional, mas também poesia e sobretudo contos. Reconhece a importância fundamental da literatura infantil enquanto veículo de mensagens, elegendo como valores a promover a liberdade de expressão e o respeito pela diferença”.

António Torrado continuará connosco através da sua extensa e magnífica obra.

Na minha história literária pessoal, além da influência que a leitura dos seus contos terá tido no meu rumo literário, teve a importância de ter sido um dos elementos do júri que atribuiu ao meu conto infantil Pirilampo e os deveres da escola o Prémio Matilde Rosa Araújo, no ano 2006, juntamente com a escritora que dá o nome ao prémio, e ainda José Viale Moutinho, Armandina Maia e o Eng. António Pontes, à época Vereador da Cultura da Câmara Municipal da Trofa, autarquia responsável pelo concurso literário.

Um quase reencontro

Escrevi este poema no dia 9 de julho e resolvi participar com o mesmo no Concurso literário “Elviro da Rocha Gomes” que tinha como data limite o dia 14 de agosto. Soube hoje que me foi atribuída uma menção honrosa neste concurso da União de Freguesias de Faro.

Um quase reencontro


Deixaste, nesse encontro, o coração?
Também eu, houve algo que perdi
quando, pela primeira vez, te vi:
perderam-se os meus olhos na visão.

E, cego, só achava inspiração
nas memórias vívidas de ti,
mas hoje, finalmente, te revi.
A frase que vestias… que emoção.

Olhar e coração reencontrados…
ou quase, pois surgiu um contratempo
e faltou algo mais, de que preciso:

Não ficaram meus olhos saciados,
pois este carnaval fora do tempo
ocultava de mim o teu sorriso.

O contexto era tudo menos romântico, mas a inspiração pode surgir por um olhar… Neste caso, foi uma frase na t-shirt que uma antiga aluna – a Mariana – trazia nesse dia:
I left my heart
in our first date

Tinha que ser mesmo em Julho e agosto, quando a cabeça anda mais livre, quer para escrever quer para enviar textos para o concurso.
Foi “um quase reencontro” com os prémios, mas sabe bem. Dá sempre gosto ver um texto meu distinguido.

União das freguesias de Faro  - Entidade organizadora.

Fazes-me falta

O poema Sinto a tua falta foi ilustrado pela Mariana Monteiro, e publicado num PowerPoint com trabalhos dos alunos, no âmbito do Dia Mundial dos Oceanos, pelas colegas responsáveis do projeto Eco-escolas no Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré. Deixo aqui o powerPoint de onde retirei a imagem acima.

A Pesca por um Mar sem Lixo

No âmbito do projeto “A Pesca por um Mar sem Lixo” a colega Carla Dilar lançou-me mais um desafio e apesar de o lixo não ser o tema que mais me inspire a escrever, respondi da forma possível.

A colega Joana Ribeiro publicou um postal com o meu poema e uma ilustração do aluno Lucas Fontoura, do 7º C do Agrupamento de escolas da Gafanha da Nazaré.

Hoje, Dia Mundial do Ambiente, é um boa ocasião para lembrar que muito do lixo que abandonamos em terra vai ter ao mar e que também muitos dos que trabalham no mar o poluem com todo o tipo de resíduos.

Há que mudar mentalidades. Este projeto é meritório e incentiva os pescadores a não deitarem lixo para o mar e a recolherem o lixo “que vem à rede”. Fica a minha homenagem aos pescadores que têm consciência ambientar e alinham neste objetivo.

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Mar 3

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Dia Escola Azul

Bicicleta e mar

Respondendo ao desafio da colega que lidera o projeto Eco-escolas, na escola onde trabalho, para o Dia Escola Azul, saiu-me este poema.

#diaescolaazul #somosoceano

Sinto a tua falta

Sinto a tua falta, ó Mar, nesta batalha.
Saber-te aqui tão perto e tão distante,
mas esta pandemia, insinuante,
levantou entre nós esta muralha.

Pegar na bicicleta e na toalha
e ir ao teu encontro ondulante,
ficar imerso em ti por um instante,
é sonho, sem vacina que nos valha.

Na lágrima que teimou em rolar,
chegou-me o teu sabor que sobressalta.
Vieste ao meu encontro e acalmar

esta forte saudade que me assalta.

Só tu, ó Mar, não há como negar,
me pões em maré alta. Fazes-me falta!

João Alberto Roque

O poema pode ser ouvido em https://soundcloud.com/jafroque/sinto-a-tua-falta

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O poema Com e sem rede Ondas da memória 2 Sophia b Mar 3

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Evocando Sebastião da Gama

Agora que as aulas acabaram e o ritmo baixa um pouco, volto ao blogue, para dar destaque a um evento, sobre a poesia de Sebastião da Gama, que vai decorrer na Biblioteca Municipal de Aveiro, dia 18 de junho, pelas 21:30, para o qual fui convidado pela amiga Cacilda Marado, uma das promotoras.
Deixo-vos com um poema do autor, a que se segue o convite / cartaz do evento:

Somos de barro

Somos de barro. Iguais aos mais.
Ó alegria de sabê-lo!
(Correi, felizes lágrimas,
por sobre o seu cabelo!)

Depois de mais aquela confissão,

impuros nos achámos;
nos descobrimos
frutos do mesmo chão.

Pecado, Amor? Pecado fora apenas

não fazer do pecado
a força que nos ligue e nos obrigue
a lutar lado a lado.

O meu orgulho assim é que nos quer.

Há de ser sempre nosso o pão, ser nossa a água.
Mas vencidas os ganhem, vencedoras,
nossa vergonha e nossa mágoa.

O nosso Amor, que história sem beleza,

se não fora ascensão e queda e teimosia,
conquista… (E novamente queda e novamente
luta, ascensão… ) Ó meu amor, tão fria,

se nascêramos puros, nossa história!


Chora sobre o meu ombro. Confessámos.

E mais certos de nós, mais um do outro,
mais impuros, mais puros, nós ficámos.

in Pelo sonho é que vamos, de Sebastião da Gama

Sebastião da Gama

Ainda recentemente, na feira do Livro de Aveiro, e também a convite da Cacilda, estive num evento semelhante em torno da poesia de Miguel Torga e gostei de declamar e de ouvir a poesia daquele que é o meu autor de eleição.

Outro poema de Sebastião da Gama pode ser encontrado no meu blogue, clicando na primeira das imagens seguintes.

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Dois poemas no Dia Mundial da Poesia

Ainda na sequência do Dia Mundial da Poesia deixo-vos com dois dos poemas do livro “Um Olhar…” declamados na “Comunidade de Leitores da BMI” no Dia Mundial da Poesia. Gravação feita por Fernando Borges da Rádio TerraNova e recortados do podcast em www.terranova.pt.

O texto dos poemas podem ser encontrados aqui no blogue em: A tua luz e Metapoema, ou clicando nas duas primeiras imagens (miniaturas abaixo).

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Aquele traço de escrita,de Adelina Barradas

Na sequência do artigo anterior, deixo-te, caro leitor, com outro poema de Adelina Barradas. Um entre vários de que gostei. A imagem é também a que a autora escolheu para acompanhar o seu poema. Não conheço a autora, mas os seus poemas têm uma sensibilidade que me toca. Clicando no título do poema podes aceder ao poema no seu blogue.

 

Aquele traço de escrita

 

Vieira da Silva .jpg

 

Os poetas têm no gesto
aquele traço lento da escrita
Como se dançassem nas letras
Ou pendurassem os pensamentos no olhar das palavras

 

Não sabem o que vão escrever
Mas escrevem
As mãos pegam nas palavras e escrevem

 

Os olhos ficam em espera
Como se o pensamento nem ditasse a forma

 

Os poetas têm aquele gesto lento
De quem guarda um segredo que não sabe

 

O gesto lento de quem espera
Mesmo que a espera seja já ali
ou só na eternidade.
ACCB

 

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Sophia de Mello Breyner Andresen, por Adelina Barradas

Mar

Sophia de Mello Breyner Andresen

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens…
Há mulheres que são maré em noites de tardes…
e calma.

.
Adelina Barradas de Oliveira in https://cleopatramoon.blogs.sapo.pt/
.
Este poema, vim a saber quase três anos depois de o ter partilhado no meu blogue pela primeira vez, não é de Sophia. Tal facto não lhe retira qualquer mérito.
A autora é Adelina Barradas de Oliveira e a enorme divulgação deste poema teve por base um equívoco – o poema foi publicado em 2009 sob o título Sophia de Mello Breyner Andresen no blogue da autora e copiado por visitantes como se fosse de Sophia. O tornar-se viral, na minha modesta opinião, resulta obviamente do nome que lhe associaram, mas também (e sobretudo) da beleza do poema. Por alguma razão o escolhi para iniciar um dos capítulos do meu livro “Um Olhar…” 
Eu que já tive que reclamar a autoria de um poema, que começava a aparecer como sendo de um autor conhecido, entendo bem como estas coisas acontecem.
Do modo possível, desejo dar os créditos a quem de direito. Parabéns à autora pela beleza das palavras, inspiradas em Sophia.
A resolução deste equívoco teve o efeito secundário interessante de chamar a atenção sobre a escrita desta poetisa (e juíza de profissão). Não terá uma obra à dimensão de Sophia, mas tem alguns poemas de inegável valor e tem direito a sentir-se tão chocada, como eu fiquei, com o infeliz comentário de um “especialista” que afirmou (depois de saber que não era de Sophia) que, pela suposta falta de qualidade, não poderia ser dessa autora.

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olhar Aventura2 Planta de Junco    Apelo aos amigos 

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Bote (ou dóri)

A propósito de muitas dúvidas que têm andado nas redes sociais sobre o que é um “dóri” (os gafanhões sempre usaram mais a palavra “bote”), aqui vão duas fotos do bote 7 do “Novos Mares” que está na praça St. Jonh’s, na Gafanha da Nazaré e um poema que lhe dediquei e que consta do livro que hoje, pelas 16 horas, vou apresentar na Biblioteca Municipal de Ílhavo, e para a qual o convite segue, explícito.

Bote 1

Bote

Trocaste o azul pelo verde de um relvado
Em homenagem oca às velhas glórias
– Epopeias de gentes piscatórias –
Ao barco por inércia afundado

Se o navio acabou desmantelado
Os bocados, os botes, as histórias
São fragmentos de vida e de memórias
Do “Novos Mares” – orgulho do passado

O tempo para ti trouxe mudanças
Em vez de bacalhau já só carregas
O sabor agridoce das lembranças

Venceste tempestades e escolhos
Agora fixo ao chão, já só navegas
No azul esverdeado dos meus olhos.

Na fotografia ainda disfarça, mas o estado do bote está muito longe do desejável, a precisar urgentemente de restauro, que a não ocorrer vai obrigar a uma “requalificação”.

Bote 2

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Olho 3.png olhar O poema Aventura2  Hélder Ramos

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Reportagem sobre o lançamento de “Um Olhar…

O Professor Fernando Martins fez uma bela reportagem do lançamento do meu livro “Um Olhar…”. Vi-o a tomar notas no seu bloco e sabia que ia sair uma notícia de qualidade. Quem sabe sabe. Na ocasião pude referir o muito que com ele pude aprender sobre jornalismo, nos anos em que colaborei no jornal Timoneiro e nunca é demais repetir. Foi, para mim, um mestre muito importante.

JA3

João Alberto Roque e Hélder Ramos

Tinha pensado colocar o seu texto também no meu blogue e pedi-lhe autorização, que foi concedida, mas pensando melhor, coloco apenas a ligação ao seu blogue “Pela Positiva” para que os leitores de “infantilidades” possam ir “beber à fonte”.

A foto é do Professor Fernando Martins, num momento da intervenção do professor de português e poeta Hélder Ramos.

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  Hélder Ramos Decantação 2 Aventura2 Planta de Junco

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O Poema

Uma amiga (Ana Paula Simões), a quem agradeço a divulgação da minha poesia, publicou no facebook “O Poema” retirado do meu livro “Um Olhar…” e eu optei por colocá-lo também aqui no blogue, onde o tempo passa mais devagar e é mais fácil de encontrá-lo, nem que seja daqui a vários anos.

Na procela

O Poema

Uma frase é o ponto de partida
Palavras são a frágil caravela 
Mas eu, cheio de medo, embarco nela
Sabendo que a viagem é só de ida

O poema tem sabor a despedida
Então respiro fundo e iço a vela
Não quero calmaria, mas procela 
A rota sempre é desconhecida

Estou ferido e esse é um bom presságio
Sei bem que o que me espera é o naufrágio
Mas quando tudo acalma ainda vivo

E sei que descobri a ilha rara
A praia que descansa e que sara
E cujo horizonte é lenitivo.

A imagem foi colhida em https://refugeofthewild.tumblr.com/image/119364905174

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Ondas da memória 2 olhar Com e sem rede Olho 3.png cerejas Um olhar

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Lançamento de “Um Olhar…”

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Clica na primeira imagem, para ver a sequência da reportagem fotográfica.

Um sentido obrigado a todos os que colaboraram para que tudo corresse tão bem na sessão de lançamento do meu livro: Desde a D. Graça Martinho, cujos dotes culinários sempre adoçam os eventos que organizamos na Biblioteca, à D. Lurdes Ramos, à colega Piedade Gomes (ambas passaram o dia de aniversário dedicadas a este evento), aos alunos que tocaram – Sara Pombo e Diogo Bastos – ou leram poemas – Selene Salavessa e Samanta Bizarro, aos que trataram do som – Rafael Pombares e João Nunes – às colegas a quem pedi para lerem um poema – Ercília Amador, Amélia Pinheiro, Paula Cebola e Eunice Almeida – e a quem agradeço por sempre me incentivarem a prosseguir neste caminho da poesia, à Diretora Eugénia Pinheiro, que sem hesitar aceitou o pedido de que a biblioteca, onde passo tantas horas, servisse de palco a este lançamento, fazendo que me sentisse em casa. À minha filha Cecília que deu a cara pelo livro e esteve a receber os participantes e na venda dos livros, com a colega de turma Mariana Castanheiro. Aos elementos do Coro de que faço parte e ao colega Aníbal Seco que não hesitaram e responderam presente quando os convidei para animar o evento. Por fim, ao amigo Hélder Ramos, que nunca regateia esforços quando lhe peço a colaboração e, neste caso, pedi quer para o prefácio quer para a apresentação.

A reportagem fotográfica é da colega Fátima Viana e a escolha e tratamento das imagens foi feita por mim.

A professora bibliotecária da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, a minha amiga Piedade Gomes, escreveu este texto para o blogue da biblioteca e eu, com a devida vénia, transcrevo-o aqui no meu blogue:

Na noite do dia 28 de setembro, em agradável convívio de amigos, a Biblioteca da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré acolheu o lançamento do livro “Um olhar…”, de João Alberto Roque. Homem da terra, de formação na área das ciências, o seu gosto e dedicação à escrita já vem de alguns anos. Participou em diversos concursos literários que lhe valeram a obtenção de prémios a nível nacional e além-fronteiras. Tem textos em diversas publicações, quer coletivas, quer individuais. Escreve em resposta a desafios, mas também sobre si e sobre a sua visão do mundo. Começou a escrever por deleite, depois submeteu-se à métrica e às regras do soneto e transformou-as em desafios, disciplinando a sua criatividade.

Este evento constituiu uma celebração à escrita e uma oportunidade para que a comunidade da Gafanha da Nazaré possa refletir sobre a importância da escrita na nossa vida.

Usamo-la como forma de comunicação para nos entendermos. O João usou-a como forma de catarse e reflexão sobre a vida, como ele próprio afirma. Para nós, ele criou com arte, exprimiu ideias e sentimentos com beleza. Deixou-nos metade de uma obra que nos compete completar, seguindo a linha de pensamento do escritor britânico Joseph Conrad “O autor só escreve metade do livro. Da outra metade deve ocupar-se o leitor”. Mas a escrita é acima de tudo um valor civilizacional, uma arma poderosa que permite ao homem compreender melhor o mundo e de transformá-lo, de escolher em consciência e em liberdade, resistindo às pressões e às diversas formas de subjugação e de escravatura do seu tempo.

Piedade Gomes

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Sobre “Um Olhar…”

Livro Um Olhar2

Reflexão sobre “Um Olhar…”

Como fui divulgando, no dia 28 de setembro, vai ser o lançamento do meu livro “Um olhar… (Sonetos)”. É na Biblioteca da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, pelas 21 horas. É um evento público, para o qual, amigo leitor, estás desde já convidado.

Se me pedisses para escolher um poema que servisse de síntese ao livro, acho que me lembraria deste:

Metapoema

Nem sei bem onde acaba a minha mão
E começa a folha de papel
Em que afago já a tua pele
Num toque de poesia e emoção

É mágica esta espécie de fusão
A que a poesia nos compele
Em que nos envolvemos pele com pele
Até onde as palavras contarão

O ato de escrever é aliciante
Ausente no poema te revejo
Inspiras-me a palavra mais marcante

O alvo do carinho, do desejo
És tu, e quando lês, mesmo distante,
Gostava que o sentisses como um beijo.

João Alberto Roque

“Um olhar…” tem cento e quarenta sonetos, mas já fui publicando, desde 2010, alguns desses sonetos, que podes ler (e conhecer o enquadramento da publicação no blogue) clicando nas ligações:

Venho brincar aqui no Português, Mia Couto e Unidiversidade

https://infantilidades.wordpress.com/2010/09/30/redondo/

Cerejas são palavras

https://infantilidades.wordpress.com/2013/06/17/cerejas/

Se eu fosse um livro

https://infantilidades.wordpress.com/2013/12/27/se-eu-fosse-um-livro/

Pelo meu aniversário

https://infantilidades.wordpress.com/2014/01/08/aniversario/

Com e sem rede

https://infantilidades.wordpress.com/2014/03/29/fronteira/

Que bela

https://infantilidades.wordpress.com/2014/08/27/que-bela/

Folha em branco

https://infantilidades.wordpress.com/2014/12/16/folha-em-branco/

Soneto de fim de ano

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Poesia na cidade

https://infantilidades.wordpress.com/2015/03/21/poesia-na-cidade/

A tua luz

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O cravo de abril

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Origens

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Ondas da memória

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Apelo aos amigos

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Doze passas

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Aventura

Descobri hoje que foi atribuída uma Menção Honrosa ao poema Aventura no III Prêmio Henrique José de Souza de Literatura 2018, organizado pelo Instituto Cultural Brasileiro de Ação e Cidadania. A divulgação já foi há quase um mês, mas só hoje me deu curiosidade de ir ver os resultados.

Tinha concorrido com o poema que vos deixo de seguida.  Foi a única obra distinguida com origem fora do Brasil (só de Portugal concorreram 25 pessoas).

Dia 28 deste mês de setembro, a aventura poética tem um ponto alto como poderás saber por aqui.

Aventura

Só se começa a aventura
E aí se testa a coragem
Se se acabam os mapas
Mas se prossegue a viagem

Só quem sai da autoestrada
Daquilo que conhecia
E entra em caminhos de terra
Chega a lugares de magia

Se enfrenta o desconhecido
E explora cada recanto
Tem o prémio merecido
E abre a boca de espanto

Só quem se adentra pelos medos
E avança com teimosia
No escuro dos seus segredos
É que encontra a poesia.

João Alberto Roque

À procura de uma imagem de “caminhos de terra”, vim ter a este vídeo e achei uma boa opção para ouvir, acompanhando a leitura do meu poema.
Obrigado pele visita e… deliciem-se.

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Vaidade – Soneto de Florbela Espanca

Florbela Espanca.jpg

Vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo…
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho… E não sou nada!…

Florbela Espanca

Mais uma publicação na série de sonetos que andava a publicar, de diferentes autores. Agora calhou a Florbela Espanca, uma das grandes cultoras do soneto em Portugal.

Imagem colhida em: escritas.org/autores/florbela-espanca.jpg

 

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Ao meu jornal diário

Hoje deparei-me com este poema escrito em 2002 e lembrei-me de que terá sido um dos primeiros que publiquei (num jornal escolar) desde que recomecei, já adulto, a escrever poesia. É engraçado como na altura fiz rimar “páginas” com “chacinas” e “dia” com “tragédia”. Hoje sei que é um disparate, embora não seja uma “tragédia”. Na altura passou-me… julgo que já saberia que aquelas palavras não rimam. Quanto à mensagem… permanece atual.

ler_jornais_01

Ao meu jornal diário

 

Caro jornal matutino,

sou forçado a protestar

que o mundo perdeu o tino

e me está a arrastar.

 

Como hei de ter um bom dia

se ao folhear tuas páginas

na primeira há tragédia

no meio roubos, chacinas.

 

Na última fome e guerra…

Deixa que te pergunte isto:

nada há de bom na Terra

que mereça um registo?

 

Não me relates horrores,

fala-me antes de paz,

de descobertas, de amores,

fala do bem que se faz.

 

Espero isso para breve

e não é pedir demais!

Se não mudares faço greve:

não torno a ler jornais.

João Alberto Roque

Muito do que sei de jornalismo, aprendi com alguém que escreve “Pela Positiva” – o meu amigo professor Fernando Martins – e fui, certamente, influenciado pela sua postura perante a vida.

Imagem colhida em: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=338

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“Infância Perdida” de Mia Couto?

11 de junho

Num espaço no facebook de um banco moçambicano, encontrei o meu poema “Infância perdida” publicado como se tivesse sido escrito por Mia Couto. E assim se começa uma bola de neve que pode ser quase imparável. É mais fácil recolher “gostos”, “partilhas” se tiver um nome famoso por baixo, mas o seu a seu dono. Mia Couto não ia gostar de ver o seu nome associado a um poema que não escreveu. Coloquei um comentário, alertando para a situação. Espero que resolva.
Para ser justo, devo usar a mesma brevidade a informar que já foi feita a alteração. Fui informado de que, na pesquisa na internet, aparece com sendo de Mia Couto. Como dizia acima, bastou que alguém tenha feito a identificação errada do autor para se tornar uma bola de neve difícil de controlar.

Publicado em 2013, julgo que já é o meu texto mais visualizado no blogue, tendo ultrapassado “Um susto de história com uma bruxa feia e um gato preto“, publicado em 2009. Só neste mês de junho teve 1196 visualizações, o que para um só texto e num blogue deste tipo é de assinalar.

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Marcha da Gafanha da Nazaré 2018 – Sardinha

 

 

I       

 

Com a sardinha a chamar…  

Lá na onda altaneira,

O pescador fez-se ao mar,

A bordo de uma traineira.

Toda a noite a trabalhar,

Mesmo com frio e morrinha,

A lançar redes ao mar

Para recolher a sardinha.

 

A noite vai animada

Vamos lá saborear

Mais uma sardinha assada

Neste arraial popular

 

Com a banda a tocar

Com ritmo, Dó, Lá, Mi, Ré

Toda a gente a cantar

Gafanha da Nazaré. (bis)

II

No pregão duma varina,

Que ecoa pelo ar…

Vai tão fresca a sardinha

Na canastra a saltar.

De ancas a menear

E colorido avental

Retoma a volta, a marchar.

Fica a sardinha no sal…

III

Há lá coisa mais gostosa,

Em noite de S. João,

Que uma sardinha com broa

E um copo na outra mão?

É tempo de festejar

Sempre em boa companhia.

Sobre a brasa a assar

Ai, a sardinha já ia…

IV

Se puxo a brasa à sardinha

É para mostrar como é

Não há terra como a minha

Gafanha da Nazaré.

Hoje foi o dia da primeira apresentação das Marchas Populares, com início pelas 22 horas. Decorreu no estacionamento por trás da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré. Nas próximas sexta (Costa Nova) e sábado (Ílhavo) haverá novas apresentações.

Desta vez a escolha recaiu sobre um texto que já tinha escrito há anos, mas ficara na gaveta. Puxando a brasa à minha sardinha, este é um daqueles temas que fica muito bem numa marcha da Gafanha da Nazaré. Já achara o mesmo da de 2013.

Pode assistir aqui ao vídeo da primeira apresentação.

Clicando nas imagens abaixo, poderás conhecer as dos anos anteriores, também com textos meus.

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É na escola meu lugar

 

Trabalho infantil

É na escola meu lugar

Criança deve brincar
E a brincar aprender
Por enquanto, sou criança
É na escola meu lugar
O lugar para crescer.

Preciso de alimentar
Esta fome de saber
Por enquanto, sou criança
É na escola meu lugar
E meu trabalho aprender

Hei de um dia trabalhar
E meu trabalho render
Por enquanto, sou criança
É na escola meu lugar
Que preciso de crescer.

Estar com fome e estudar?
Cansado e aprender?
Não foste também criança?
Põe-te então no meu lugar!
É preciso responder?

Não me impeçam de sonhar
Quero estudar, criar, ler
Por enquanto, sou criança
É na escola meu lugar
O lugar para crescer.

João Alberto Roque

Trabalho infantil 2

Depois do texto – o mais visitado do blogue – sobre o trabalho infantil que escrevi há muitos anos (sobre a realidade portuguesa na indústria do calçado, que felizmente pertence maioritariamente à história), volto ao tema, de uma forma mais suave, com este poema. Infelizmente em muitos países do mundo ainda continua a ser um tema bastante pertinente, lembrado especialmente neste “Dia Mundial contra o trabalho infantil”.

Hoje nas escolas portuguesas, quando um aluno vem cansado e sonolento, geralmente a causa não é o trabalho infantil, mas as noites mal dormidas devido à utilização indevida e exagerada das novas tecnologias. Há, no entanto, ainda casos pontuais de exploração do trabalho infantil que importa erradicar. Também não sou adepto do extremo oposto, em que as crianças não colaboram em qualquer tarefa em casa.

Colaborar nas tarefas domésticas, de forma leve, adaptada à idade, e que lhes deixe tempo para o estudo e para o lazer, é também parte da sua aprendizagem para a vida.

Imagens colhidas em:

http://piauihoje.com/noticias/brasil-tem-aumento-do-trabalho-infantil-entre-criancas-de-5-a-9-anos/
https://comdeuseaverdade.blogspot.com/2015/04/ministros-assinam-portaria-que.html

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Soneto de Camões

 

Em quanto quis Fortuna que tivesse
esperanças de algum contentamento,
o gosto de um suave pensamento
me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse
minha escritura a algum juízo isento,
escureceu-me o engenho, com o tormento,
para que seus enganos não dissesse

Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos
a diversas vontades, quando lerdes
num breve livro casos tão diversos!

Verdades puras são, e não defeitos;
e sabei que, segundo o amor tiverdes,
tereis o entendimento de meus versos.

Luís Vaz de Camões

 

Camões

Caricatura feita por Pablo Morales de los Ríos “colhida” em http://speglich.blogspot.com/2016/09/luiz-vaz-de-camoes.html

 

Ontem foi dia de Camões, mas não consegui encontrar tempo para me dedicar a esta publicação que tinha desejado fazer… vai hoje.

Nas imagens abaixo há ligações a alguns dos meus sonetos, que fui publicando no blogue ao longo do tempo.

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Soneto de Fidelidade – Vinicius de Moraes

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Prioridades

 

pressão

Deixe-me que lhe diga, professor

O trabalho de casa que marcou

Não fiz… que ontem o tempo não chegou

Mas não me marque falta por favor

 

Sabe… da escola vou para o explicador

(que o noventa e cinco não chegou)

Depois tenho piano e ainda vou

À aula de inglês para ser melhor

 

Ponho à frente o livro e o caderno

Começo a fazê-lo e adormeço

Se a minha mãe sabe é o inferno…

 

Diz-me ela que dá mais do que eu mereço

Veja bem: eu só queria um beijo terno…

Acha demasiado o que eu lhe peço?

Hoje, Dia Mundial da Criança, deixo-vos com uma reflexão sobre a pressão excessiva que alguns alunos sofrem por parte dos seus pais.

Um professor percebe quase sempre que esse exagero existe, mas nem sempre consegue saber como atuar, que os alunos não reagem à pressão sempre da mesma forma. Para alguns alunos, a única coisa que passa a interessar é um número alto para mostrar aos pais, e muitas vezes acabam por ser inconvenientes, passe o eufemismo. A verdadeira aprendizagem pouco importa. Já para não falar dos casos em que a pressão vem diretamente dos pais aos professores, num total desrespeito.

Não é fácil, para qualquer adulto, dosear a pressão sobre as crianças sobre as quais tem responsabilidades. Uns demitem-se completamente e outros exageram claramente.

Imagem retirada de https://www.noticiasmagazine.pt/2017/carregar-a-educacao-as-costas

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Marginal – Vieira da Silva

Vieira da Silva

Deixo-vos com um poema de António Vieira da Silva, o médico, o poeta e cantor, cujo livro “Marginal” vai servir de base à próxima sessão da “Comunidade de Leitores”.

Deixo ainda o convite a todos… será no dia 24 de maio de 2018, na Biblioteca Municipal de Ílhavo.  

Até gostariam de participar, mas não têm o livro para o ler… Essa desculpa não serve…  o autor disponibiliza-o, completo, na sua página na Internet. Basta clicar em:

http://www.vieiradasilva-ilhavo.com/marginal.pdf

De lá escolhi este poema de rara sensibilidade, ou não trabalhasse numa…

Escola

professor
não tenhas pressa

saí agora de casa
tenho a amarga sensação
de perda não sei de quê
de um regaço
de um abraço
que me ficou na memória

professor
não tenhas pressa
não sou um quadro vazio
já trago dentro de mim
os traços de outras viagens
imaginárias
reais
dos dias da minha história.

Vieira da Silva

Depois de no ano passado, em que decorreu na Gafanha da Nazaré, ter tido sempre por base obras de autores que vivem ou têm uma grande ligação ao concelho, este ano é a primeira vez que se baseia num livro de um autor local.

No dia 24 eu vou lá estar (mais uma vez)… e tu?

 
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Entrevista como antigo Aluno da UA

Hoje saiu uma entrevista que dei há uns dias para o site da Universidade de Aveiro, na qualidade de antigo aluno.

Para quem pretenda conhecer melhor o meu trajeto.

http://uaonline.ua.pt/pub/detail.asp?lg=pt&c=54353

Joao Alberto Roque

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Liberdade

Janela aberta 2

Liberdade

 

A poesia

É uma janela aberta à liberdade

Uma falha na segurança

Que aproveito com habilidade

A minha poesia

Fala com frequência

De prisão

De evasão

Poderia dizer-vos

Que nunca estive preso

Mas mentiria

As prisões

Na minha vida são bem reais

Assim como as minhas tentativas

De evasão

Sou prisioneiro

Das minhas limitações

Das minhas faltas de coragem

Das minhas omissões

Mas cada vez que me sinto preso

Penso logo em evadir-me

E aí entra a poesia

Entram os passes de magia

Sou mestre nas ilusões

Sou um malabarista

Um prestidigitador

A poesia permite-me

Um escape à realidade

Para mim a poesia

É uma janela aberta à liberdade

Nela não há mentiras

Mas há muito pouco de verdade.

Hoje, Dia Mundial da Poesia, deixo-vos com um poema que tem a poesia como tema. Escrito em 2005, ainda não tinha saído cá de casa. Hoje abri-lhe a janela e deixei-o voar.

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O Fim

Estamos a preparar mais uma participação nas “Escolíadas” e deu-me para recordar… “O Fim”, tema da nossa escola no ano anterior ao “Fim do Mundo”. Lembram-se?

Já reparaste no que andas a perder
Enquanto olhas o que foi ou o que vai ser?
Então aceita este dia como se fosse um presente…
E porque não? E porque não? E porque não?

Vive cada dia… decifra os sinais!
Vive este dia… tu não tens mais,
Que o teu mundo acabará…
Sim, algum dia o fim chegará…

Já reparaste quantas vezes adiaste
Quantas vezes tu deixaste para depois…
Os anseios mais profundos que trazes no coração?
O que é que esperas? O que é que esperas? O que é que esperas?

O fim está…
O fim está aí!
O fim está aí mesmo!
Porque é que tu não queres ver?

Vive cada dia… decifra os sinais!
Vive este dia… tu não tens mais,
Que o teu mundo acabará…
Sim, algum dia o fim chegará!

Tu sabes tudo, tudo… Eu só sigo o coração.
O fim está perto, o fim é certo, mas vives na ilusão.
O tempo é pouco, sim, o que tens p’ra viver.
Segue os teus sonhos, sente o coração bater,

Não fujas mais de ti, dos teus ideais
Porque amanhã pode ser já tarde demais.
Então pára! Pára aí! Pensa um pouco:
Onde vais, sem um rumo, como louco?
Assim não chegas lá… assim não chegas lá…

Vive cada dia… decifra os sinais!
Vive este dia… tu não tens mais,
Que o teu mundo acabará…
Sim, algum dia o fim chegará!

Gostei muito desta canção (pudera… a letra foi da minha autoria, criada para a melodia de Hurricane – 30 seconds to Mars) na voz da Maggie Leal e da Prof. Anabela Rocha, duas vozes lindas.
Nesse ano o João Almeida foi agraciado com o prémio de melhor bailarino das Escolíadas – percebe-se bem porquê. A Catarina Silva e a Beatriz Caçoilo também estiveram muito bem.

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Na rua – uma pintura com história

Dia 23 deste mês de fevereiro haverá um sarau na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, organizado pela equipa que está a preparar a participação da nossa escola nas Escolíadas deste ano.

Tinha-me disponibilizado a participar, mas foi marcada para o mesmo dia e hora, uma reunião da Assembleia Municipal, de que faço parte, pelo que não terei possibilidade de estar presente.

O que queria apresentar, e vos deixo aqui, é uma história – em verso e pintura – memória da minha primeira participação nas Escolíadas.

 

Pintura - Na Rua

Na rua

     I

Na rua…

Há muita gente que passa

no seu passo apressado

sem laços que liguem

a quem segue a seu lado

A rua é, muitas vezes,

um espaço de solidão

mesmo que à volta

exista uma multidão

     II

É noite, há um ser humano

abandonado na rua,

alguém para quem a vida

foi cruel, sob a crua luz da lua

Sim, porque muitas vezes

passaste por ele na rua

mas fingiste que nada vias…

a culpa também é tua

     III

Quem está à tua frente

vive uma dura realidade

mas é alguém que merece

uma nova oportunidade

Só precisa que alguém

o olhe nos olhos, lhe dê a mão

e o ajude

a levantar-se do chão

     IV

Enquanto nas nossas ruas

houver gente solitária

será precisa mais gente

numa atitude solidária

A rua é local de encontro

não só ponto de passagem

deve ser lugar de festa

e que ninguém fique à margem.

Este poema foi feito para apresentar, nas Escolíadas de 2006, a prova de pintura, subordinada ao tema “A Rua” (tema geral da nossa participação).

Tentámos (e acho que conseguimos) contar uma história com este poema e diferentes imagens exibidas a partir de uma única… para isso usámos o nosso engenho e arte e um pouco de (pa)ciência.
A pintura, quando iluminada com luz de diferentes cores ia revelando as diferentes cenas:

I – Multidão (pintada em azul, é iluminada com luz azul que “esconde” o vermelho);

II – Há um “Sem-abrigo” deitado no chão. O céu, iluminado com a luz vermelha, fica escuro (noite) e a multidão deixa de se ver;

III – A personagem central ajuda o “sem-abrigo” a levantar-se (pintados com tinta florescente. A iluminação com “luz negra” esconde tudo o resto, menos algumas janelas iluminadas);

IV – Vê-se todo o conjunto (sob luz branca).

Dessa edição de 2006,  a primeira em que participei, duas pessoas merecem ser destacadas: a professora Eunice Almeida – a “cola” que fez de um grupo heterogéneo uma verdadeira equipa – e o Paulo Fernandes (Zyon) – o nosso craque da pintura, com excelente domínio do desenho e do manejo das tintas em spray, que, com a minha colaboração, conseguiu uma prova que teve a cotação máxima de todos os elementos do júri.

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Pudesse eu

Sophia Mello Breyner Andresen

Hoje, na biblioteca, li alguns poemas de Sophia. Deixo-vos com ela.

Pudesse eu não ter laços nem limites 
Ó vida de mil faces transbordantes 
Para poder responder aos teus convites 
Suspensos na surpresa dos instantes!

Sophia de Mello Breyner Andresen

A imagem colhi-a aqui:
https://lernarede.wordpress.com/2016/01/25/o-nome-das-coisas-sophia-de-mello-breyner-andresen/

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Poema para o “Dia dos Namorados”

Corações no estendal

Deixei-me assaltar

Sabendo que há quem goste de roubar
Por vezes eu esqueço as cautelas
E, se o tempo está bom, abro as janelas
E ponho o coração a arejar

Com perigo de apanhar correntes de ar
Que sempre deixam graves sequelas…
Não será maior risco se em vez delas
deixar o coração asfixiar?

Num risco, pelo seguro, não coberto
Amiúde já fui alvo de ladrões
Saber manter a calma, é o mais certo

Pois creio que quem rouba corações
Nunca virá armado e decerto
O fará com a melhor das intenções.

Escrevi este soneto em fevereiro de 2017 e, depois de um ano a maturar, optei por publicá-lo.
A decoração na biblioteca da minha escola para o “Dia dos Namorados” incluía um “estendal” de corações e lembrei-me deste poema que fala de pôr “o coração a arejar”.

A todos os meus leitores, onde quer que estejam, um feliz “Dia dos namorados”.

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Poema para o novo ano

2018

Doze passas

Horas de festa, horas bem passadas
E há mais um amigo que se abraça.
Dança-se e as hostes seguem animadas…
É ver-me a esvaziar mais uma taça.

Quando soam as doze badaladas
Formulo os desejos… passa a passa
São horas doze passas bem regadas
Ainda o sino ecoa pela praça.

São desejos que eu sei já sem pensar,
De ano após ano os desejar.
Contei bem ou saltei, no frenesim?

Nunca teve sucesso o “peditório”
Talvez deva mudar o repertório
Pedir o que dependa só de mim.

João Alberto Roque

Escrito no dia 1 de janeiro de 2015, lembrei-me hoje de o publicar: Um soneto para acolher o novo ano.

Alguém já sentiu algo parecido? Acredito que sim.

Um bom ano a todos os amigos e aos leitores do meu blogue, com a esperança que reúnam a determinação e os restantes fatores necessários à concretização dos vossos desejos durante 2018.

Nas imagens abaixo, ligações a outros poemas que fui publicando no blogue.

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Antologia de Textos premiados no PMJML 2017

Como aqui tinha dado notícia, o meu conto com o título “Apeteces-me tanto” foi distinguido na segunda edição do Prêmio Maria José Maldonado de Literatura e agora publicado numa antologia dos textos premiados nas diferentes categorias a concurso, nas modalidades de conto e poesia.

A antologia está disponível gratuitamente em versão eletrónica na pagina da Academia Volta-redondense de Letras em https://www.avl.org.br/livros ou aqui – Antologia de Textos premiados no PMJML 2017

Prémio Maria José Maldonado 2017

Ainda não li toda a Antologia, mas encontrei já vários textos muito interessantes. A divulgação de textos, por esta via, pode atingir um número significativo de leitores, no Brasil e em Portugal.

Clicando nas imagens abaixo, poderás aceder a artigos sobre alguns dos meus textos publicados em coletâneas, todas selecionados em concursos, à exceção de “enCONTrOS”.

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enCONTrOS  O riocorria calmo Egas Moniz  Casa de Espanha

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Vale a pena tentar?

 

Vale a pena tentar?

Vale a pena tentar a audácia de mais um passo?
Vale a pena tentar, só o querer supera o cansaço!

Vale a pena tentar até que nos doa a voz?
Vale a pena tentar, mesmo se tudo joga contra nós!

Acreditar é o segredo…
vai em frente, vai sem medo
de arriscar.
Se é difícil a viagem,
só vence quem tem coragem
de tentar.

Vale a pena tentar sem certezas de sucesso?
Vale a pena tentar, mesmo sabendo os riscos do processo!

Vale a pena tentar mesmo se isso causa dor?
Vale a pena tentar, só assim saberás o teu valor!

Acreditar é o segredo…

Vale a pena tentar soltar a amarra que prende?
Vale a pena tentar, certos de que a falhar também se aprende!

Vale a pena tentar contra ventos e marés?
Vale a pena tentar, mas sempre sem deixar de ser quem és!

Acreditar é o segredo…

Esta é a letra da canção que levei ao 17.º Festival da Canção Vida – uma iniciativa muito meritória do Grupo de Jovens “A Tulha” como salientou a artista convidada – Rita Redshoes – pois privilegia a criatividade.
As cantoras são Lara Pereira e Juliana Moreira, ambas com doze anos. No trombone, Diogo Bastos, de 14 anos, e na guitarra, Sara Coelho, de 18 anos. Todos alunos da Escola onde também trabalho – a Secundária da Gafanha Nazaré.
Um agradecimento especial aos colegas e amigos Aníbal Seco e Margarida Alves, com quem posso sempre contar.
O Júri atribuiu à canção o prémio para a melhor mensagem.

Quanto ao vídeo, podes assistir aqui.

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Ondas da memória 2  Dias mais risonhos Um pouco mais Diz sim à vida 

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Apeteces-me tanto

AVL

Participei, em fevereiro, no concurso organizado pela Academia Volta-redondense de Letras, Rio de Janeiro, Brasil. O júri do concurso tinha que escolher 15 entre centenas de participantes em cada categoria. Recebi a comunicação de que tinha sido um dos autores premiados na categoria de conto.

“A Comissão Organizadora do PMJML 2017 tem o prazer de divulgar os 15 (quinze) autores premiados da Categoria Conto, após intenso trabalho da Comissão Avaliadora da categoria. A diversidade da origem dos participantes na Categoria Poesia foi também observada na Categoria Conto. A antologia contará com contistas de 4 das 5 regiões do país e três autores de Portugal, pais de origem de nossa homenageada, a poetisa Maria José Maldonado.

Autores Premiados do PMJML 2017 (Conto) 

Adnelson Borges de Campos – São Mateus do Sul – PR
Célia Chamiça – Odivelas – Portugal
Coracy Teixeira Bessa – Salvador – BA
Daniele Garcia Pires – São Paulo – SP
Francisco Ferreira – Conceição do Mato Dentro – MG
Gabriel Costa Abreu Dantas – Fortaleza – CE
Genisson Angelo Guimarães – São Paulo – SP
Gustavo Fontes Rodrigues – São Paulo – SP
João Alberto Roque – Gafanha da Nazaré – Portugal
João Paulo Lopes de Meira Hergesel – Alumínio – SP
João Pablo Trabico de Oliveira – Salvador – BA
Luciana Fátima da Silva – São Paulo – SP
Luísa Maria Ferreira Pinto de Lima – Santa Maria da Feira – Portugal
Sandra Maria Godinho Gonçalves – Manaus – AM
Vitor Luiz Bento Leite – Rio de Janeiro – RJ”

O conto que enviei, com o título “Apeteces-me tanto” será então publicado numa coletânea do concurso. Trata-se de uma história em que o protagonista é uma criança e foi escrito em Outubro de 2015.

É sempre um estímulo receber estas distinções e divulgar os meus textos. Quando ocorrer a publicação darei aqui notícia e divulgarei o texto.

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5º Festival de Haicai de Petrópolis

Brotando do solo

Delicadamente
Despontam do chão os brotos
Às primeiras chuvas.

Esta foi a minha participação no  5º Festival de Haicai de Petrópolis, que foi distinguida com o quarto lugar.

Entre os restantes premiados, gostei especialmente do que ficou em terceiro lugar, que partilha com o meu o tema da germinação das sementes.

Semente que brota
Traz as memórias do ocaso
E os sonhos da aurora

de Eduardo Laurent – Porto Alegre – RS

Partilho com os leitores do blogue ainda os outros dois Haicai que enviei:

Esta doce espera:
Paciência de semente
Em geminação.

Voa a andorinha…
Vê-la é inspirador
E eu voo com ela.

Como podem perceber aqui, os haicai são uma forma poética de origem japonesa. Aprecio especialmente a sua delicadeza e tento seguir a lógica dos haicai mais tradicionais.

A minha ligação a Petrópolis vai-se fortalecendo. É a sexta vez que participo em concursos organizados nessa bela cidade brasileira e em quatro deles fui distinguido: três vezes com haicai (sempre que participei) e uma vez com um soneto. Obrigado à organização, na pessoa da Catarina Maul, que, depois de ter participado pela primeira vez, tem tido a simpatia de me avisar dos concursos.

A imagem encontrei-a aqui: https://greatist.com/happiness/spring-you-should-smell-dirt-says-margaret-atwood

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Poema de José Gomes Ferreira

Deixo os leitores do meu blogue com este belo poema de José Gomes Ferreira.

Rio e estrelas

Entrei no café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação…

A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.

Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.

E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.

José Gomes Ferreira

 

A imagem recortei-a daqui: https://www.artsfon.com

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Finalmente o sol

O facebook lembrou-me desta história escrita há três anos para um grupo de que fazia parte na altura. Havia uma condição que nem sempre era fácil de cumprir: os textos tinham que ter exatamente cem palavras (Drabbles).
Achei que ficava bem no blogue, onde já estão outras dentro da mesma lógica.

Para ler bem o texto, clica na imagem para a ampliar.

Finalmente o sol

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Marcha da Gafanha da Nazaré – 2017 – Ovos Moles

Ovos Moles

Nasceram lá no mosteiro
de um saber paciente.
Os ovos moles são de Aveiro,
Da Ria e sua envolvente.

E o povo, hospitaleiro,
Oferta-os a toda a gente,
Encantando o forasteiro,
Até o mais exigente.

Ovos-moles, ovos-moles,
O sabor da tradição.
São a doce tentação
Desta nossa região:
Ovos-moles, ovos-moles.

Gafanha da Nazaré
em cada arco e balão
Vem lembrar pelo S. João
O doce da região…
E Aveiro aqui ao pé.

Um doce conventual
Que é feito de gemas de ovos
Iguaria especial
de que gostam tantos povos.

É um doce divinal
Que agrada a velhos e novos
E nem nos vai fazer mal…
Venham daí mais uns ovos!

Ovos-moles, ovos-moles…

Há uma história marcada
Pelo mar, seus animais
Pela Ria inspirada
Não precisa inventar mais…

Com sua hóstia moldada
em formas tradicionais
deixa a alma consolada
se a gula não pede mais.

Mais uma vez colaborei com a associação “Grupo de Dança Pestinhas” nesta iniciativa meritória que dá corpo à Marcha da Gafanha da Nazaré. A Lela (Helena Semião) escolheu o tema e eu escrevi a letra.
A primeira apresentação, na Gafanha da Nazaré, correu (ou marchou) muito bem. Parabéns a todos os envolvidos. Tudo esteve excelente, dos arcos à coreografia, dos trajes à música. E até cantaram de modo bem audível…
Nas imagens abaixo podes conhecer as letras das marchas populares que escrevi nos cinco anos anteriores.

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No dia Mundial da Criança

No dia Mundial da Criança resolvi voltar à matriz inicial deste blogue e colocar um texto escrito há muitos anos, enquanto a minha filha mais nova brincava num parque infantil, numa zona muito movimentada da cidade. Ainda bem que não tinha uma máquina fotográfica e tive que tirar a “fotografia” num poema.

Instante feliz

Nos teus olhos, minha filha
Nos teus olhos, brilha
Uma felicidade genuína
Que só se tem quando se é
Assim, como tu, pequenina.

Outros meninos e meninas,
Crianças também pequeninas,
Alheios a tudo, brincam.
Dos adultos que passam
Muitos nem sequer olham.

Estando ali atento, vigilante,
Reparei a certo instante
Em algo belo, enternecedor:
Um casal jovem que passava
Parou, a olhar-vos com amor.

Naquele olhar tão puro,
Quantos projetos de futuro.
Pensei eu, que assisti.
Tanta felicidade cativa
E, simplesmente, sorri.

A foto não é aquilo que procurava, até porque as crianças na situação presenciada eram bastante mais pequenas, mas é a possível… e é interessante.

criancas num parque infantil

Imagem colhida em http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2013/01/dicas-de-atividades-para-fazer-em-casa-com-as-criancas

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A censura

Auto-censura

Aos dezassete anos

Já era “poeta”

Mas o que escrevia

Nunca ninguém lia

É que nesses tempos

De boa memória *

A censura atuava

E tudo cortava

Mas isso que importa

Se ficava feliz,

Como alguém que ama,

Ao ler o poema

Mas passados dias

Ou horas apenas

O censor chegava

E nada escapava

Eu era o escritor

E o crítico feroz.

Que grande guerra

Havia entre nós.

O pavor do ridículo

Vencia por fim.

Podia lá ser…

Expor-me assim?

João Alberto Roque
(10 de Novembro de 1999)

* Nota… para não haver lugar a confusões: esses tempos de boa memória são os da juventude, em que a (auto)censura atuava.

Depois de no artigo anterior ter apresentado o primeiro texto da fase de redescoberta da poesia, aqui fica o segundo poema e a nota que escrevi na altura a acompanhá-lo.

Na imagem que criei a partir de um manuscrito obtido na rede, recrio um carimbo da censura dos tempos da ditadura, que acabou tinha eu doze anos.

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À minha procura

À minha procura

Um dia lembrei-me
de escrever poesia…
Que tonto que eu era,
só que não sabia.

Pois pensava eu
que bastava querer…
Mas não é assim,
nisto de escrever.

E não sou capaz,
por muito que tente.
É que a poesia
ou nasce com a gente…

Rasguei os poemas
Quis outra aventura.
Ainda continuo
à minha procura.

(10 de Novembro de 1999)

Mão a escrever

Hoje, Dia Mundial da Poesia, lembrei-me de colocar um poema no blogue.

Este poema para mim significa muito… quando, já adulto, recomecei a escrever poesia, este foi o primeiro desta nova fase.

Como perdi os da juventude, é o segundo poema mais antigo que guardo… mais antigo só mesmo esta carta de amor (claro, não fui eu a guardá-la…).

Este belo desenho foi “colhido” num de imensos locais da internet em que aparece e desconheço quem será o autor.

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Encontros – coletânea de escrita criativa

Deixem-me hoje falar-vos de um novo livro, com o título “Encontros”, resultado dos trabalhos de um grupo de amigos – A tertúlia Et Quoi. Tem cerca de 270 páginas, com trinta por minha conta.

Em breve, teremos novidades sobre os nossos “Encontros”. A coletânea que andamos a cozinhar há muito está quase no ponto. Em breve será servida aos apreciadores.

Para já deixo-vos com a capa, elaborada pelo Pedro Fontoura sobre uma foto da Olinda Morgado, dois talentosos e multifacetados elementos da nossa tertúlia.

encontros

Quando chegar da gráfica, logos vos enviarei um convite para o lançamento.

No artigo anterior referi a ida ao lançamento da coletânea Lugares e Palavras de Natal. Um fim de tarde agradável. Mas o dia foi todo ele dedicado às palavras e algo mais.

O sábado já tinha começado bem, no que diz respeito ao “coração, cabeça e estômago”. A começar uma agradável moqueca de peixe, confecionada pelo amigo Carlos Corga. Depois das deliciosas sobremesas, passámos aos contos, igualmente deliciosos. Eu contribuí com Três peixes gordos. O desafio era escrever um conto começando pelo início de um conto alheio. A minha escolha recaiu no início do conto Um peixe gordo de Branquinho da Fonseca, do seu livro Bandeira Preta.

Quando acabou a tertúlia literária (e gastronómica) rumei à estação e apanhei o comboio para o Porto, numa decisão de última hora, mas gostei de ter ido participar no lançamento de Lugares e Palavras de Natal.

Gostei ainda da económica e calma viagem de comboio, acompanhado da leitura: na ida de Bandeira Preta e, no regresso, dos contos de Natal da coletânea de que dei conta aqui.

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Lugares e Palavras de Natal

A mais bela prenda

De forma inesperada, recebi um convite para enviar um texto para uma coletânea de Natal, organizada pela Lugar da Palavra Editora. Apesar de um pouco renitente, acabei por enviar um texto escrito em 2009 e que já conheces pois faz parte destas infantilidades desde 2014, embora numa versão mais curta (mesmo a versão agora publicada teve que levar alguns cortes para caber nos critérios definidos pela editora).

A primeira reação dos editores foi muito simpática e venceu as minhas resistências. Acabou selecionado e publicado. Neste sábado, no Porto, decorreu a apresentação do livro. Gostei da experiência e, “se a tanto me ajudar o engenho e a arte”, como diria o poeta, no próximo ano voltarei a participar.

Para ler o meu texto podes adquirir a coletânea à editora, ou ler aqui.

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Prisma   Receitada pelo médico Prémio Literário Hernâni Cidade Condeixa 2

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Ondas da Memória

O soneto Ondas da Memória, associado a uma melodia também criada por mim e posteriormente complementada com o talento musical dos amigos Aníbal Seco, Rogério Fernandes e Inês Margaça, foi selecionado para o Festival da Canção Vida, organizado pela associação de Jovens A Tulha. Neste sábado, perante a Casa da Cultura de Ílhavo cheia de apreciadores, a canção foi apresentada ao público na bela voz da Beatriz Dores. O grupo incluía ainda o André Marçal, o João Pedro Caçoilo, o Pedro Rocha e o David Roque.

Ondas da memória

Ouço as ondas do mar, ouço-as bem
E elas dão-me o tom para a canção…
Dão-me também o ritmo em seu vaivém
E trazem-me a paz ao coração.

Se estou só, com saudades, sei porém
Que querias partilhar a ocasião
E que a espera é curta, creio bem,
Até eu ter na minha a tua mão.

Deixo a voz espraiar-se, neste canto,
Neste extenso areal, praia vazia…
Voa com as gaivotas que espanto.

Pois se o mar me traz melancolia,
Na alma sobrevive um doce encanto…
E na memória há risos de alegria.

Parabéns para a associação de jovens A Tulha pelas dezasseis edições do festival e pelo profissionalismo colocado em cada uma das edições. Pela minha parte, estou disponível para continuar a colaborar com mais poemas, para juntar aos cinco que já foram dados a conhecer na voz dos jovens que têm aceitado emprestá-la aos meus textos.

Nesta edição apresentei também a canção Esta casa, cujo texto pode ser lido aqui.

As fotos são do Filipe Bola.

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Esta casa

esta-casa

Mais uma vez um dos meus poemas saiu do anonimato. Foi musicado e apresentado publicamente no XVI Festival da Canção Vida, organizado pelo Grupo de Jovens A Tulha.

Obrigado ao André Marçal e ao David Roque que fizeram a música e a cantaram perante o público que lotou a Casa da Cultura de Ílhavo. Obrigado ainda ao João Pedro Caçoilo e ao Pedro Rocha que os acompanharam.

Esta casa

Começo-a pelo telhado
O que não é bem normal
Mas não me levem a mal
Que é um risco calculado!

Vidros duplos na janela
ou serão duplos sentidos?
Apenas para entendidos
Que olhem de fora por ela…

Sei que parece estranha
por estar assim dividida
Uma parte é pessoal
e foi feita à medida

Noutra cabem os amigos
cada qual com os seus fados
Esta casa é a vida
e sois todos convidados

Construo-a com a leveza
Das palavras que me abrigam…
Paredes que desafiam
Tantas leis da natureza!

Podeis entrar que não cai
Porque está bem construída
Pois também vós sois as vigas
Desta casa que é a vida…

O poema já tinha uns anos e foi cortado para  se ajustar ao objetivo e acrescentado o refrão.
Um trabalho de equipa cujo resultado final me agradou bastante.

Outra canção com base no meu soneto Ondas da Memória foi cantada pela Beatriz Godinho Dores e com o acompanhamento dos elementos atrás referidos. Ver aqui.

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