Infantilidades poéticas

Uma das facetas do WordPress de que gosto particularmente é a possibilidade de usar estas páginas estáticas.

Por facilidade de consulta, junto nesta página poemas dispersos no blogue com as crianças como destinatários principais.

Claro que os adultos podem ler estas “Infantilidades” com uma interpretação mais profunda…

Para não introduzir ruído desnecessário, não incluo os textos que acompanham os poemas nem a origem das imagens. Clicando no título poderás ver o post original com esses dados.

Boas Leituras… e comenta!

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Abram e brinquem

Ofereço-vos um presente

Que, espero, vos dará muito gozo…

É um presente diferente:

Não tem um embrulho vistoso

Nem um laço a condizer

Mas espero que o abram

Sempre que vos apetecer

E brinquem, sonhem, aprendam,

Foi feito com muito amor

E com a secreta esperança

De encontrar em cada leitor

Alguém em quem vive uma criança.

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Parece que és bruxa

Se pegas na vassoura e aspiras
a voar pelos ares…
parece que és bruxa!
Parece que és bruxa!

Se o céu está escuro e tu adivinhas
que não vai chover…
parece que és bruxa!
Parece que és bruxa!

Se a dor de um amigo também tu a sentes
e não és indiferente…
parece que és bruxa!
Parece que és bruxa!

Se me olhas nos olhos e estás mesmo a ver
o que me vai na alma…
parece que és bruxa!
Parece que és bruxa!

Parece que és bruxa
mas és só… criança

e queres ter direito a sonhar;
a brincar um pouco mais no jardim;
a contagiar os outros com a tua alegria
E a nunca pôr limites à esperança…

parece que és bruxa
mas és só… criança.

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A minha avó

“O tempo passa a voar”,
ouvi alguém a dizer.
Deitei-me de papo ao ar,
sempre à espera de o ver.

Vi passar alguns pardais,
andorinhas e gaivotas
e lá longe, muito longe,
aviões nas suas rotas;

Abelhas e borboletas;
folhas que o vento levou;
o papagaio do vizinho
preso ao fio que lhe atou;

aquela nuvem no céu
que parece um animal…
Já vi passar tanta coisa,
mas do tempo nem sinal!

Perguntei à minha mãe
como é que o podia ver.
Disse que estava ocupada,
não tinha tempo a perder;

que invejava a minha vida:
tempo para dar e vender.
“Isso está bom é para ti,
não tens nada que fazer …”

Se não sei o que é o tempo
como é que o posso perder?
Se ninguém me ensinar
como é que eu hei-de aprender?

Vou perguntar à avó,
que ela deve saber!
Quem já viveu tantos anos
é que me há-de valer…

Contou-me tantas histórias
que me senti um sortudo:
é sempre tão bom ouvi-la…
A minha avó sabe tudo!

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Uma partida traquina

Minha irmã mais nova

pôs pasta dos dentes

nos dentes dos pentes

e na minha escova…

Ai, como fiquei

todo pegajoso!

Ela riu, no gozo…

Fingi que gostei.

Para que não troce,

que faço à marota?

Ponho-lhe compota

para ficar mais doce,

ou dou-lhe um beijo

– àquela traquina –

a ver se ela atina

como é meu desejo?

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O gatinho – Canção de embalar

 

 

 

Dorme, meu menino! Dorme! Dorme bem

Sonha com o gatinho. Miau, miau, miau, miau.

Ele é tão fofinho e amigo também.

E mia, meiguinho: miau, miau, miau, miau.

 

 

 

Tem um bom soninho! Dorme! Dorme bem

Se a luz do sol finda não é para assustar-te…

Há mil pirilampos que, à noite, acendem

A sua luz tão linda, só para iluminar-te.

 

 

 

Dorme, meu menino! Dorme! Dorme bem

Sozinho não ficas, eu estarei contigo.

Se queres sonhos lindos, tens de dormir bem

E depois já brincas com o teu novo amigo.

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A canção da bicharada

Vem cantar à desgarrada

A canção da bicharada

Um, dois, três

É agora a tua vez:

A vaca dá leite branco

Ó que grande disparate…

Sabe bem que eu prefiro

Com sabor a chocolate.

O coelho é desconfiado

E que bem que ele ouve…

Adora trincar cenouras

E umas folhinhas de couve.

O gato faz companhia,

brincadeiras divertidas.

Sobe a muros e telhados

Pensa que tem sete vidas…


Vem cantar à desgarrada

A canção da bicharada

Um, dois, três

É agora a tua vez:

O galo no seu poleiro

Canta alto e bom som

Acordando a bicharada

Sem nunca fugir do tom.

A galinha poedeira

Põe o ovo no seu ninho

Para depois o chocar

E nascer um pintainho.

Da raposa não se gosta

Na escola e nos galinheiros

Mas apenas na floresta

Entre urzes e pinheiros.

Vem cantar à desgarrada

A canção da bicharada

Um, dois, três

É agora a tua vez:

O leão, na selva, é rei

Dá rugidos de tremer

E quem o vê mais por perto

Foge logo, a correr.

O elefante é trombudo

com a mania de meter

A sua tromba em tudo

E nunca mais esquecer.

A girafa é só pescoço!

Tem altura e nada mais

Mas olha sempre de cima

Para os outros animais.

Vem cantar à desgarrada

A canção da bicharada

Um, dois, três

É agora a tua vez

A borboleta esvoaça

Entre as ervas e as flores

Está a mostrar, vaidosa,

As asas de lindas cores.

A formiga trabalhava

Não gostava de cantar

Aprendeu com a cigarra

Passa a vida a assobiar.

O mosquito toda a noite

Vem zumbir-me ao ouvido

E não me deixa dormir…

É um bichinho atrevido.

Vem cantar à desgarrada

A canção da bicharada

Um, dois, três

É agora a tua vez

O canário está alegre

Na sua farda amarela

Canta sempre e encanta

Com a sua voz tão bela

A coruja pia triste

Mas nunca perde o pio

Sem bela voz não desiste

De cantar ao desafio

Devia saber o mocho

Que a noite é para dormir

E o dia, enquanto há sol,

É para brincar, para rir…

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A orquestra

Oh que orquestra tão sinfónica

Cada qual é para o que é…

O Noé toca oboé

E a Mónica, harmónica.

Dona Fausta toca flauta

A Ivone, saxofone

A Simone, no trombone

E nem olha para a pauta

Nunca nada lhes sai mal

Faria toca bateria

A Sofia assobia

Que a orquestra é especial

João toca acordeão

Catarina, concertina

Marina toca ocarina

Com excelente actuação.

Bandarra toca guitarra

para animar os vizinhos

E eu cá toco ferrinhos…

Nós gostamos é de farra

O Silvino toca o sino

Bernardete, clarinete

Elisabete, trompete

Justino toca violino

E tudo soa tão belo

A Lola toca viola

Como aprendeu na escola

O Marcelo, violoncelo

O Albano no piano…

Mas para tudo andar “presto”,

O Ernesto é o maestro…

E há festa todo o ano!

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Uma resposta

  1. gostei deste Ofereço-vos um presente
    Que, espero, vos dará muito gozo…
    É um presente diferente:
    Não tem um embrulho vistoso
    Nem um laço a condizer
    Mas espero que o abram
    Sempre que vos apetecer
    E brinquem, sonhem, aprendam,
    Foi feito com muito amor
    E com a secreta esperança
    De encontrar em cada leitor
    Alguém em quem vive uma criança.
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