Dedicado a todas as mulheres que merecem o nome enorme de “Mãe”
Já corre com os ponteiros
Ainda é madrugada
Em labuta diligente
É a única acordada
Naquela casa dormindo
Com tanto para fazer
Antes de ir para o emprego
O tempo tem que render
Acorda filhos… marido
Com o sono ainda tonto
Deixa os pequenos entregues
E chega antes do ponto
Dá um pulinho a casa
Quando é hora de almoçar
Come sozinha à pressa
antes do filho chegar
Deixou-lhe tudo já pronto
Preparou-lhe a refeição
E vai olhando o relógio
Não quer ouvir do patrão
Chega a casa cansada
Traz pela mão a miúda
Tem que lembrar os trabalhos
E ver se ela estuda
O recado da escola
Deixou-a preocupada
Diz que a filha precisa
De ser mais acompanhada
E o mais novo faz birra
Como a pedir atenção
Acaba fazendo uns riscos
No caderno do irmão
Tem mesmo que intervir
Para o ambiente serenar
Acaba com a discussão
E vai fazendo o jantar
Entre gestos maquinais
Vai espreitando a novela
Queria ser como a atriz
Sonha com a vida dela
Tratou do banho dos filhos
E o jantar está servido
Já está tudo mais calmo
Quando chega o marido
Finalmente conseguiu
Enfiar todos na cama
O pequeno pede a história
E que lhe vista o pijama
Senta-se um breve momento
Embevecida a olhar
Eles dormem e há paz
Vale a pena apreciar
Pensou na louça e fez
O encanto desaparecer
Está na hora de dormir
E o que ainda tem para fazer.
João Alberto Roque
Esta é uma história em verso (não propriamente um poema) que escrevi há mais de uma dúzia de anos (estava na “gaveta” desde o dia 5 de Janeiro de 2001). Hoje lembrei-me de a colocar no blogue… podia tê-lo guardado mais uns meses e publicá-lo em Maio, a propósito do “Dia da Mãe”, mas acho que concordarão comigo se afirmar que todos os dias são Dia da Mãe.
A ilustração, que encaixa tão bem no meu texto, foi encontrada aqui, no blogue Ilustrações, desenhos e outras coisas de Ana Oliveira.
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