Manuel António Pina

Émeápê

.

Perdemos um grande amigo,

O poeta, o inventão,

Se é que se pode perder

Alguém de tal dimensão.

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Era maior do que a morte,

Era um anante, um gigão.

Ficou-nos longe da vista,

Mas dentro do coração.

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Ainda não é o fim

Nem o princípio do mundo

Apenas um pouco tarde

Para algo tão profundo.

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No cavalinho de pau,

(O do menino Jesus)

Vai agora a cavalgar

Mais célere do que a luz

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Mas fica sempre connosco,

Não temos razão de queixa,

Pois continua a viver

Entre os livros que nos deixa.

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Escrevi este poema em Outubro de 2012, na altura  da morte de Manuel António Pina. Reencontrei-o agora e achei que fazia falta no meu blogue.

Era um fiel leitor das suas crónicas.
Tinha tido o gosto de estar com ele num jantar literário na Biblioteca Municipal de Ílhavo e confirmei o que já sabia dele. Um homem simples, de enorme cultura e que usava as palavras com independência e enorme mestria.

No poema há referência a vários dos seus livros. O título foi inspirado em O Têpluquê.

Adicionado mais tarde (comentário que escrevi no facebook):

Li este poema numa tertúlia que decorreu na Gigões & Anantes no dia 20 de Outubro de 2012, dia seguinte ao da morte do Manuel António Pina. Curiosamente a Tertúlia Et Quoi – Escrita Criativa na Universidade de Aveiro tinha sido marcada, algum tempo antes, para aquele local que recebeu o nome duma obra do próprio Manuel António Pina. Provavelmente este poema não teria nascido se não fossem estas coincidências.

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