Um quase reencontro

Escrevi este poema no dia 9 de julho e resolvi participar com o mesmo no Concurso literário “Elviro da Rocha Gomes” que tinha como data limite o dia 14 de agosto. Soube hoje que me foi atribuída uma menção honrosa neste concurso da União de Freguesias de Faro.

Um quase reencontro


Deixaste, nesse encontro, o coração?
Também eu, houve algo que perdi
quando, pela primeira vez, te vi:
perderam-se os meus olhos na visão.

E, cego, só achava inspiração
nas memórias vívidas de ti,
mas hoje, finalmente, te revi.
A frase que vestias… que emoção.

Olhar e coração reencontrados…
ou quase, pois surgiu um contratempo
e faltou algo mais, de que preciso:

Não ficaram meus olhos saciados,
pois este carnaval fora do tempo
ocultava de mim o teu sorriso.

O contexto era tudo menos romântico, mas a inspiração pode surgir por um olhar… Neste caso, foi uma frase na t-shirt que uma antiga aluna – a Mariana – trazia nesse dia:
I left my heart
in our first date

Tinha que ser mesmo em Julho e agosto, quando a cabeça anda mais livre, quer para escrever quer para enviar textos para o concurso.
Foi “um quase reencontro” com os prémios, mas sabe bem. Dá sempre gosto ver um texto meu distinguido.

União das freguesias de Faro  - Entidade organizadora.

Vaidade – Soneto de Florbela Espanca

Florbela Espanca.jpg

Vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo…
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho… E não sou nada!…

Florbela Espanca

Mais uma publicação na série de sonetos que andava a publicar, de diferentes autores. Agora calhou a Florbela Espanca, uma das grandes cultoras do soneto em Portugal.

Imagem colhida em: escritas.org/autores/florbela-espanca.jpg

 

Poderás também gostar de ler estas Infantilidades:

Ondas da memória 2 Folha em branco Com e sem rede Apelo aos amigos Coração 2 Prioridades 2

ou ir para o início.

Soneto de Camões

 

Em quanto quis Fortuna que tivesse
esperanças de algum contentamento,
o gosto de um suave pensamento
me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse
minha escritura a algum juízo isento,
escureceu-me o engenho, com o tormento,
para que seus enganos não dissesse

Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos
a diversas vontades, quando lerdes
num breve livro casos tão diversos!

Verdades puras são, e não defeitos;
e sabei que, segundo o amor tiverdes,
tereis o entendimento de meus versos.

Luís Vaz de Camões

 

Camões

Caricatura feita por Pablo Morales de los Ríos “colhida” em http://speglich.blogspot.com/2016/09/luiz-vaz-de-camoes.html

 

Ontem foi dia de Camões, mas não consegui encontrar tempo para me dedicar a esta publicação que tinha desejado fazer… vai hoje.

Nas imagens abaixo há ligações a alguns dos meus sonetos, que fui publicando no blogue ao longo do tempo.

Poderás também gostar de ler estas Infantilidades:
 
Com e sem rede  Folha em branco Ondas da memória 2 foguete Parada de Ester 4
 
ou ir para o início.

Soneto de Fidelidade – Vinicius de Moraes

Nas imagens abaixo há ligações a alguns dos meus sonetos, que fui publicando no blogue ao longo do tempo.
Poderás também gostar de ler estas Infantilidades:
Apelo aos amigos Fim de ano Coração 2 Olho 3.png Prémio Literário Hernâni Cidade Casa de Espanha
ou ir para o início.

A tua luz

Olho

A tua luz

Se de longe te olho emites luz
Contrariando as leis da natureza
Aproximo-me e tenho a certeza
Há algo nos teus olhos que reluz

Um brilho que extravasa e que seduz
Lâmpada cintilante sempre acesa
E eu sou a borboleta indefesa
Ignorando o perigo a que me expus

Aceito que essa é a minha sina
Sabendo que essa luz desassossega
Confio que ela apenas me ilumina

Se luz em demasia também cega
Fecho os olhos preenches-me a retina
E abro-me ao amor que não se nega.

Este soneto foi classificado em terceiro lugar no III Concurso de Poesia Serra Serata, em Petrópolis, Brasil.

O tema obrigatório era “Luz” e a forma o soneto clássico.

Depois de no ano passado me terem atribuído o segundo lugar no II Festival de Haicai de Petrópolis, agora tive nova alegria de ver a minha poesia distinguida… e de novo com a companhia nos trabalhos premiados de Edweine Loureiro, um brasileiro com raízes portuguesas e que vive no Japão.

Nota: Encontrei a foto na net, mas não consegui perceber a sua verdadeira origem.

Poderás também gostar de ler estas Infantilidades:

haik  Parada de Ester 4  Receitada pelo médico    Prémio Literário Hernâni Cidade  Casa de Espanha

ou ir para o início.